terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A "surra" de bunda

Não é de hoje que a bunda feminina faz parte de nosso patrimônio cultural. Mas o que se vê agora é a sua grande consagração. Das curvilinhas da garota de Ipanema, cujas delineações o belo bumbum não estava de fora da imaginação poética do maestro Tom Jobim, passando pelo famoso traseiro de Rita Kadilac, no programa de Chacrinha, como também pela retaguarda rebolativa de gostosas como Carla Perez, Tiazinha e Feiticeira, a nossa desejada bunda feminina se alçou de vez à posição de protagonista. Ganha vida própria para surrar os marmanjos de plantão nos bailes funks da noite carioca. Proponho o tombamento desses maravilhosos bumbuns... Veja o que "As Tequileiras" bundudas andam aprontando aqui.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Teste de HIV: Seu Carnaval pode terminar aí

Antes mesmo de começar a festa de Momo, já anteciparam ao Carnaval as ocorrências inusitadas que lhe são peculiares, como as irreverentes fantasias dos criativos foliões. A prefeitura anunciou na última semana que, durante a folia, ficará montado no Pelourinho, das 9h às 17h, de quinta-feira a sábado de Carnaval, um posto de saúde onde serão realizados testes de HIV e sífilis, cujos resultados saem em poucos minutos. A ação tem por objetivo conscientizar a população a realizar os exames de forma espontânea e imediata.

O projeto, com parceria do Ministério da Saúde, através da campanha do Departamento Nacional de DST/Aids, tem o sugestivo nome de "Fique Sabendo".  É no mínimo curioso o indivíduo  dar um tempo na algazarra momesca para saber, entre uma cerveja e outra, ou quem sabe entre uma "trepada" e outra, se está com a ficha limpa. A depender do resultado, a folia acaba ali mesmo: "Senhor, fique sabendo, o senhor é soropositivo". Fico imaginando uma notícia dessas em pleno Carnaval. 

A depender do teor alcoólico, ou mesmo do preparo psicológico para de uma festa entrar numa tragédia, a campanha  pode desencandear um revés, já que, segundo alguns,  na terrinha o ano só começa depois do Carnaval. Todas as obrigações ficam suspensas, imagine iniciar um tratamento contra, fique sabendo, contra a Aids.   

É isso aí, parafraseando Macaco Simões, esse é o Carnaval da piada pronta. Mas não esqueça de usar camisinha e, se por ventura, quiser conferir sua saúde sexual, vá até o 19º Centro de Saúde, no Pelourinho. A partir da adolescência, qualquer pessoa pode realizar o teste. Em caso de positivo,  haverá encaminhamento para serviço especializado. O acompanhamento e o tratamento poderão ser realizados nos serviços do SUS gratuitamente. A expectativa da prefeitura é de atender aproximadamente a 400 pessoas.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Ponte Itaparica: visão apaixonada demoniza projetos

Até às 23h30 de ontem, o abaixo-assinado contra a construção da ponte Salvador-Itaparica registrava 343 assinaturas. Entre elas, as de jornalistas, arquitetos e urbanistas baianos, e intelectuais nacionais de peso como Chico Buarque de Holanda, Cacá Diegues e Luís Fernando Veríssimo, e também locais, como Ruy Espinheira Filho, André Setaro e Roberto Albergaria. Não concordo com eles, que saíram em defesa da causa de João Ubaldo Ribeiro, que no artigo "Adeus, Itaparica", publicado em A TARDE em 25 de janeiro de 2010, lamentou uma das propostas de projeto da ponte apresentado pelo governo do Estado.

Os argumentos, na maioria, são legítimos, de que a ponte vai levar à Ilha um progresso depredador e elitizante, que além de acabar com a beleza natural e tranquila do lugar, vai acentuar um processo já em curso de degradação socioeconômica para o mercado local e seus habitantes. Outros argumentos são radicais, como o de que a ponte vai acabar com a beleza da Baía de Todos os Santos. Bem, a imagem aí em cima do que poderia ser o empreendimento quando pronto, ao meu ver, traz um bom visual a mais para a nossa majestosa Baía.

Trata-se do projeto do arquiteto Ivan Smarcevscki , realizado para a empreiteira OAS.  A construtora, segundo seu diretor na Bahia, Manoel Ribeiro Filho, irmão do escritor João Ubaldo, pretende construir uma ponte de 12 km, com seis a oito pistas, e um vão central de 500 metros de comprimento por 90 metros de altura, para permitir a passagem de embarcações. Além disso, a OAS pretende uma preservação rigorosa da contracosta, a criação de um Parque Estadual no Distrito de Baiacu (reserva de mata atlântica) e condomínios fechados na parte central da ilha, que já estaria “degradada sob o aspecto ambiental”. Essas informações foram dadas por Manoel à repórter Katherine Funke, de A TARDE.

É, sem dúvida uma prova de um claro interesse de expansão imobiliária na Ilha. Mas essa é apenas uma das propostas, outras estão em análise, segundo o governo. Não deverão ser lá tão diferentes,  visto que a Camargo Correia também anunciou intenção de empreender a obra.

Mas a luta contra a sede capitalista não pode, no entanto, abortar de antemão a construção da ponte. Sou a favor dela, porque ela pode levar desenvolvimento ao lugar, hoje um paraíso natural esquecido,  de difícil acesso por um deficitário sistema de ferry-boat, e estradas longas, e cuja população e turistas sofrem com a insegurança. Lembremos que os nativos são a favor do empreendimento.

Os argumentos do governo também não podem ser esquecidos. Segundo o secretário de Infraestrutura da Bahia, João Leão (PP), a ponte será uma nova entrada para Salvador, pelo lado sul da capital. O governo estadual visa também o escoamento pela ponte da produção de algodão, soja e outros produtos agroindustriais da região oeste do Estado. 

A discussão é salutar, se colocada sem radicalismos, para os dois lados, tanto os defensores de um naturalismo sem mudanças infraestruturais, quanto os progressistas do lucro fácil. Não seria a hora de fazer uma ponte entre eles para pôr em voga o conceito mais caro hoje ao mundo, o tal do desenvolvimento sustentável (real e efetivo, não aquele de faixada)? É preciso discutir as propostas com seriedade, sem discursos apaixonados.