segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O Palhaço que faz rir e chorar

Sinceramente não me lembro de criança ter me deliciado, aos risos, e olhos brilhantes, como espectador de uma trupe circense, qual fosse sua simplicidade ou sofisticação.  Duvido até se tenha adentrado, ainda na infância, uma lona de um circo. Já adulto, estive em pelo menos três como repórter, noticiando, infelizmente, fatos bem distantes de um mundo vendedor de ilusões - de maus-tratos a animais a acidentes graves em picadeiros.

Em 2009, fui prestigiar uma apresentação do Cirque Du Soleil. O maior e mais famoso circo do mundo esteve em Salvador com o espetáculo Quidam. Foi fantástica, mas talvez a execessiva expectativa de destreza e habilidade performática dos atores circenses tenha tirado a aura lúdica e encantadora que o circo pressupõe.

O Palhaço, filme de Selton Mello,  preencheu meu suposto vazio de infância e resgatou o encantamento da arte circense, aflorando uma beleza artística de emocionar os mais austeros por meio da narrativa simples de um circo humilde e pobre em harmonia com uma estética primorosa, pela linguagem cinematográfica, de formas e gestos da vida por detrás do picadeiro.

Benjamim, personagem interpretado pelo ator, coloca em cena o drama existencial de um homem em dúvida sobre sua vocação. E por esse fio-condutor narrativo, as lindas imagens fluem aos olhos dos espectadores sobre um pano de fundo das dificuldades e prazeres da vida cotidiana, lúdica e real.

Imperdível e inesquecível....