tag:blogger.com,1999:blog-61728831732812166782024-03-13T21:25:25.446-07:00Nota LivreO exercício de informar e ser informado.
As portas estão abertas. Seja bem-vindo à liberdade de expressãoGeorge Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.comBlogger164125tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-6579787722101007302012-02-09T17:14:00.000-08:002012-02-09T17:26:24.138-08:00Reflexões políticas sobre a greve da PM na Bahia<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">As dimensões que ganhou a greve da PM baiana revelam um cenário político perigoso no País hoje, seja pelo legado histórico que possibilitou tal conjuntura, seja pelas consequências que delas poderão se consolidar, já numa hipótese mais pessimista e subversiva da interpretação dos fatos.</span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><br />
Registro, incialmente, um quadro antecedente à greve: policiais mal pagos, oriundos das camadas populares subalternas, moradores de bairros periféricos e degradados, vizinhos de operadores da criminalidade contra a vida, sujeitos a códigos de ética permissivos ao abuso e ao assédio moral (podem ser presos por uma barba por fazer, por exemplo), treinados em esquemas militares repressivos contrários à construção da cidadania, em que se predominam o racismo, a discriminação e a violência gratuita aos irmãos de cor e de classe; tudo em prol da sustentação de uma ordem favorável à proteção, em tese, de toda a população e do patrimônio público, que na prática não passa de garantia da integridade física e econômica de uma elite dominante e privatista. Ainda vivem reminiscências recentes de policiais convocados para garantir que qualquer cidadão, por ordem judicial, fosse impedido de adentrar a praça pública de Ondina, onde empresários ganharam, da prefeitura, o direito de construir por dez anos um camarote, com ingressos a preço de ouro, durante o Carnaval de Salvador. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Neste mesmo primeiro quadro conjuntural, tem-se uma imprensa (da qual eu faço parte e muitas vezes fui entusiasta) insistentemente apontando o caráter homicida da PM, que imersa em uma guerra civil velada pelos morros e favelas das capitais brasileiras, não se furta do monopólio estatal da violência e não se constrange em esconder o abuso dessa prerrogativa na maquiagem estatística sob a rubrica de auto de resistência. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As críticas pertinentes a esse descalabro foram muitas, inclusive acertadamente cobrando do Estado uma política de segurança pública mais salutar, no entanto, as denúncias jornalísticas das condições precárias da PM foram bem menos incisivas e recorrentes. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Não cabe resumir aqui os desdobramentos e prejuízos causados pela atual greve da PM na Bahia, tampouco aqueles causados pela paralisação de 2001. Em um segundo momento, minha preocupação é ver uma série de movimentos paredistas militares ocorrendo Brasil afora, nos últimos 15 anos, diante de uma letargia da sociedade civil e, sobretudo, da sociedade política, a ponto do Estado brasileiro, por um lado, não ter se arvorado em melhorar as condições materiais dos PMs (descritas acima) , e, por outro, ter concedido por duas vezes (Lula, em 2010; e Dilma, em 2011) anistia aos policiais participantes de greves de 1997 até o ano passado. </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">É uma combinação de fatores e aspectos, no mínimo, arriscada, a ponto de não surpreender que haja um desejo e vontade incontidos das PMs estaduais de promover um movimento grevista nacional nas portas do Carnaval, envolvendo ao menos mais seis estados, segundo admitiu o próprio governo federal: Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Alagoas, Rio Grande do Sul e São Paulo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É uma evidência clara, que a trancos e barrancos, e não sob uma condução política bem formada e responsável, a categoria militar tomou uma consciência, muito perigosa, que chegou a hora de pressionar os mandantes civis a valorizar seu trabalho de braço armado promotor da manutenção do status quo, sob pena desse mesmo ser mandado para o espaço, ainda que seja uma missão inglória, dado o artifício poderoso da incursão das Forças Armadas para frear os possíveis levantes. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mas que sociedade democrática pode se sustentar, tempos em tempos, refém de uma relação conflitiva entre esferas civil e militar, e com atores desta última se tornando inimigos em campo urbano de batalha? </span></span></div><div class="MsoNormal" style="margin: 0cm 0cm 10pt; text-align: justify;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">Os PMs, ou<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“milicos”, para lembrar que a militarização da polícia de prevenção ainda é um resquício da ditadura, parecem ter cansado de saírem derrotados dentro da disputa desigual no campo do discurso, do político-legal, do técnico-administrativo. Veem frustradas as tentativas de valorização socioeconômica, por barreiras legislativas no Congresso Nacional e por julgamentos reacionários na mídia. Disso, foi um pulo para jogar por terra a estratégia democrática e politicamente mais acertada de ganhar a opinião pública, sempre, com razão, contrária a atos de violência. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não se pode conquistar a sociedade política antes da sociedade civil, a não ser por um golpe. Mas tenho forte esperança e convicção que tal possibilidade não passa de um grande devaneio, meu e deles.</span></span></div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-23475063756467403892012-01-29T12:46:00.000-08:002012-02-09T17:56:14.101-08:00Magary contra o discurso elitista<div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span>José Pereira, leitor da revista Muito, do Grupo A TARDE, realizou o seguinte comentário na última edição da mídia impressa semanal: “Magary Lord é lixo musical”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Argumentou que os recentes fenômenos da música baiana alçados, instantaneamente, à condição de ícones da cultura são resultantes de uma população sem educação em conjunto a uma imprensa não criteriosa, atinente apenas aos pontos do Ibope, comportamento que acaba por reforçar fórmulas culturais pobres e emburrecedoras.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"></span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"> </span></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1;"></span>Tal discurso não é novo. Muda apenas de objeto, de alvo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Antes e sempre o pagode e a Axé Music. Agora, eles mais o Semba. As reflexões que deste discurso desdobram também nada têm de inédito. A questão central, por elas permeadas, é até que ponto as duras e severas críticas à qualidade das composições musicais baianas são razoavelmente legítimas, ou tornam-se puro reflexo de percepções elitistas, preconceituosas, discriminatórias e, portanto, raivosas e totalitárias. <o:p></o:p></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"></span></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><br />
De antemão, anuncio que a crítica de José Pereira é mal-educada. Por excessivamente agressiva, perdeu o direito original de ganhar forma como mais uma opinião, ao declarar um sentimento sectário, e não apenas seu desgosto ao baixo grau de sofisticação de letras dos pagodes Bahia afora. Da pobreza literária destas canções, não há margem para dúvida, tampouco espaço para, valendo-se de louvores às manifestações populares, defender com unhas e dentes certos tipos de rimas e “poesias”.</span></span></div><div style="text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;">Neste segundo momento, anuncio que José Pereira confundiu alhos com bugalhos. Há uma diferença enorme de qualidade musical entre a maioria dos pagodes baianos e a música de Magary Lord, um mix do Semba, ritmo de Angola - espécie de samba de salão africano - com fortes pitadas de kuduro, outro ritmo da África. O resultado dessa fusão de gêneros angolanos é uma expressão corporal explosiva, de não deixar parados os mais resistentes ao molejo do corpo. E, diferente da maioria dos pagodes atuais (com raras e gratificantes exceções, a exemplo da Harmonia do Samba, e do Psirico em algumas canções), não se repetem ali, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad infinutum</i> e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ad nauseaum, </i>sons monocórdios irritantes a ouvidos mais sensíveis, mesmo àqueles de sensibilidade mediana, em letras de constranger e ruborizar os menos preocupados com a beleza literária e o rigor formal, embora popular, da língua materna. </span></span></div><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: Calibri;"><div style="text-align: justify;"><br />
Ainda ontem à noite, na Concha Acústica do Festival de Verão 2012, realizado em Salvador de 25 a 28 de janeiro, no Parque de Exposições, <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Margary Lord agitava uma multidão, de crianças a adultos, de pobres a ricos, de negros a brancos, que, no bom baianês, quebrou a até o último fio do cabelo, ou até a unha do pé.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Foi uma comunhão de expressões corporais diversas, uma troca carnal de cultura, que, longe de atingir a supremacia literária de Caetanos, Gils, Chicos e outros, tampouco empobreceu as cognições e percepções vocabulares do bom Português poético. Lembrando um tal de Carlinhos, a música de Magary fez as sonoridades instrumental e silábica se harmonizarem, sem maiores dificuldades. Yeba! Seja lá que isso signifique...</div></span><div style="text-align: justify;"></div></span><div style="text-align: justify;"></div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-26713230121429964302011-10-31T16:23:00.000-07:002011-10-31T16:35:20.719-07:00O Palhaço que faz rir e chorar<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-4w4NVGAkk6Q/Tq8vmjRnNMI/AAAAAAAAAVI/1z-AMWJp4_s/s1600/O+Palha%25C3%25A7o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="228" src="http://3.bp.blogspot.com/-4w4NVGAkk6Q/Tq8vmjRnNMI/AAAAAAAAAVI/1z-AMWJp4_s/s320/O+Palha%25C3%25A7o.jpg" width="320" /></a></div>Sinceramente não me lembro de criança ter me deliciado, aos risos, e olhos brilhantes, como espectador de uma trupe circense, qual fosse sua simplicidade ou sofisticação. Duvido até se tenha adentrado, ainda na infância, uma lona de um circo. Já adulto, estive em pelo menos três como repórter, noticiando, infelizmente, fatos bem distantes de um mundo vendedor de ilusões - de maus-tratos a animais a acidentes graves em picadeiros.</div><div style="text-align: justify;"><br />
Em 2009, fui prestigiar uma apresentação do Cirque Du Soleil. O maior e mais famoso circo do mundo esteve em Salvador com o espetáculo Quidam. Foi fantástica, mas talvez a execessiva expectativa de destreza e habilidade performática dos atores circenses tenha tirado a aura lúdica e encantadora que o circo pressupõe. </div><div style="text-align: justify;"><br />
O Palhaço, filme de Selton Mello, preencheu meu suposto vazio de infância e resgatou o encantamento da arte circense, aflorando uma beleza artística de emocionar os mais austeros por meio da narrativa simples de um circo humilde e pobre em harmonia com uma estética primorosa, pela linguagem cinematográfica, de formas e gestos da vida por detrás do picadeiro. </div><div style="text-align: justify;"><br />
Benjamim, personagem interpretado pelo ator, coloca em cena o drama existencial de um homem em dúvida sobre sua vocação. E por esse fio-condutor narrativo, as lindas imagens fluem aos olhos dos espectadores sobre um pano de fundo das dificuldades e prazeres da vida cotidiana, lúdica e real. </div><div style="text-align: justify;"><br />
Imperdível e inesquecível....</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-30343571221886857562011-07-26T18:55:00.000-07:002011-07-26T19:14:07.823-07:00Tributo a Amy<div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-eJ8A_raP2vk/Ti9vdxYV-HI/AAAAAAAAAU8/6X5uD3Xk8oM/s1600/Amy.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-eJ8A_raP2vk/Ti9vdxYV-HI/AAAAAAAAAU8/6X5uD3Xk8oM/s1600/Amy.jpg" t$="true" /></a></div><div style="text-align: justify;">Ouvi mais Amy Winehouse esses últimos três dias, após sua morte trágica, do que costumava escutar tempos antes. Na enxurrada de posts - áudios e vídeos - disponíveis na Internet, entristece-me a quantidade de registros de shows mostrando Amy como a sombra pálida dela mesma, um zumbi caricatural sem alma, roubada pelos excessos de toda sorte de entorpecentes, a ponto de nem seu talento assombroso poder recuperá-la. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O gênio Amy parecia ressuscitar alimentando-se das profundas feridas de seu espírito perturbado por uma tristeza depressiva. E todos, absolutamente todos - fãs, produtores, músicos, imprensa, familiares, amigos e médicos - sabiam disso. Era, como disse o crítico musical Nelson Motta, a crônica da morte anunciada da maior cantora do século XXI, até agora. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Nada nem ninguém foi capaz de reabilitá-la. Amy disse não ao mundo e aceitamos de camarote sua derrocada, como se a genialidade fosse o passaporte para a autossuficiência. Mas não foi só uma interpretação equivocada, chegou mesmo ao sadismo. No Brasil, informaram os jornais, muitos foram aos show de Winehouse para vê-la "chapada", enquanto no Reino Unido, a imprensa sensacionalista se lambuzava com as atrapalhadas de uma famosa em decadência. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No seio familiar, os pais foram incapazes de orientá-la. Não quero responsabilizá-los, mas um documentário exibido no Multishow mostrava o pai Mitchell Winehouse recebendo conselhos da psicóloga para não se culpar pelas barbaridades da filha. Já a mãe, Janis Winehouse, disse aos jornais, após a morte da cantora, que já se confomara há muito com o fim trágico, pois Amy "estava se matando". Pais não devem desistir dos filhos, ao menos no plano ético e moral, lembrando que olhar de fora sempre é muito mais fácil. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas a ingenuidade sádica alcançou seu ápice pelas atitudes pouco compreensíveis, no prisma afetivo, da produção artística de Amy. Quando a artista negou-se a se internar numa clínica de reabilitação, seu produtor Salamm Remi estimulou a composição da canção Rehab, uma preciosidade para os ouvidos do mundo e um abismo ainda mais fundo para ela. E onde estava Remi quando permitia a esquálida, frágil e alucinada Amy a subir no palco e expor aos holofotes canibais sua precariedade etílica e narcótica? As imagens da cantora branca de alma negra em um palco de Belgrado, na Sérvia, são de cortar o coração. Elas tornam factível algo quase impossível: tirar dos grandes artistas toda sua artisticidade, todo seu sopro de vida inimitável. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Definitivamente, não se tratam gênios desse jeito. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-41645714252033922992011-04-09T10:25:00.000-07:002011-04-09T10:25:13.283-07:00A família e os fatalismos inexplicáveis da sociedade<div style="text-align: justify;">Um mar de hipóteses e suposições brotam pela sociedade, na imprensa e à boca pequena, sobre o que teria levado e o que teria permitido o jovem Wellington Menezes de Oliveira, 24, ter realizado o massacre da última quinta-feira, 7, na escola municipal Tasso da Silveira, bairro do Realengo, no Rio de Janeiro, matando 11 crianças e a si mesmo logo em seguida. Entre as causas, as possibilidades e as explicações há abismos. E o problema que nos tira o chão é justamente saber o que fazer com eles. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fala-se de um perfil psicológico típico de uma pessoa capaz de realizar tamanha atrocidade. Wellignton era solitário, tinha um discurso fundamentalista - tanto político, filosófico e religioso -, era rejeitado pelas meninas, teria sofrido bullying, e fazia da introspecção uma revolta crescente impossível de conter em determinado momento. Aborda-se a falta de segurança nas escolas como um ponto crucial, já que uma simples revista na portaria teria evitado a entrada do garoto em posse de dois revólveres. E, por final, ressuscitou-se o debate sobre o porte de armas de civis, pela facilidade com que Wellington adquiriu o armamento - alguns, como o jornalista Luciano Martins Costa, parecem querer creditar à sociedade um mea-culpa da tragédia, porque os brasileiros foram contra, em referendo de 2005, ao desarmamento. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O que teríamos de soluções possíveis? 1 - Um acompanhamento psicopedagógico especializado e intensivo em todas as escolas do País, públicas e particulares, capaz de identificar e tratar perfis potencialmente "surto-criminosos". 2 - Estabelecimentos de ensino com seguranças armados, dotados de mecanismos de revista, manual e eletrônico. 3 - A ilegalidade irrestrita do porte de arma por civis em conjunto a um controle e fiscalização massantes dos registros e da circulação de armas no território nacional. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tudo bem. Mas algum dia a análise psicopedagógica pode falhar. O equipamento eletrônico pode quebrar e o segurança, como ser humano que é, esquecer de revistar alguém ou mesmo ser induzido a não fazê-lo. E, como as drogas, as armas podem continuar sendo obtidas na ilegalidade, por mais eficaz que seja o sistema de controle. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Trata-se então de uma fatalidade? Algo contra o qual a sociedade está de mãos atadas? O governador Wagner, falando anteontem à imprensa sobre a tragédia, colocou o problema no colo da família. "A gente tem que repensar os valores da família para refletir o porquê da banalização da violência", afirmou (em reprodução livre deste blogueiro, de memória, sem checar as anotações). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A família é a base organizacional da nossa sociedade. Por isso, concordo com o governador. Parece estar na família as pistas e chaves de entendimento das relações saudáveis e doentias que se formam no tecido social, capazes de formar Wellingtons, Pedros, Josés, Marias, Sennas, Ronaldos, Georges, Dilmas etc... Porque a família aparece como a unidade social que assimila, reproduz e reinterpreta todo o espírito de uma sociedade e os efeitos de suas ferramentas de coesão social (Estado, mídia, trabalho, para ficar nos principais da contemporaneidade). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Se os tempos modernos do individualismo, da forte competitividade, da meritocracia da plutocracia ou vice-versa, tem provocado tiros em Columbine, no Rio de Janeiro, em São Paulo (baiano que fez massacre no cinema), em Salvador (jovem que matou dois colegas de sala, no colégio Sigma em 2002) é sinal de que algo essencial de sua constituição aponta para bem mais do que uma explicação de particularidade psicológica somada a uma inércia do sistema de repressão e monitoramento dos comportamentos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De uma certa forma, a sociedade abandonou a família à sua própria sorte, enquanto deposita nela todas as cargas e sobrecargas de seu desenvolvimento. Parece-me que os abismos vêm da sociedade para a família, até que esta nos conceda, nos rompantes, as grandes fatalidades. E a partir daí, ficamos sujeitos às explicações da psiquiatria. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-4131414886042817532011-01-16T08:45:00.000-08:002011-01-18T04:52:26.602-08:00Do plágio à dependência intelectual<div style="text-align: justify;">A matéria da edição de A TARDE de hoje, sobre a venda indiscriminada de monografias, dissertações e teses pela Internet, revela a indisposição crescente para o culto do pensamento e a patente inaptidão intelectual da nossa sociedade. Vivemos à esteira da ideologia do menor esforço e da estratégia para resultados mais fáceis e rápidos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sob a cultura da inteligência coletiva - esse termo conceitual caro à sociedade da informação digital desenvolvido pelo sociólogo Pierre Lévy - o abuso das citações bibliográficas culminou na apropriação indébita, sem pesares, de raciocínios, de ideias, na cópia desavergonhada e vergonhosa de trechos, páragrafos, capítulos, livros inteiros.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas tal prática não deveria causar tamanha surpresa e espanto. A indústria das universidades e dos centros de pesquisa, capitaneada pelo fetichismo do diploma (termo que ouvi pela primeira vez do querido professor doutor Monclar Valverde), já legitimou, com aplausos e honrarias, a quantidade de fontes e citações como critério para medir a qualidade de monografias, dissertações e teses, como também pôs em marcha, aparentemente irreversível, a política da divulgação e publicação científicas - levando a cientistas Brasil afora a dizerem algo mesmo quando não têm nada de relevante a dizer, tudo no afã de conquistar as verbas das agências fomentadoras de pesquisas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ainda lembro de um dos professores da recente banca para ingresso no Mestrado de Ciências Sociais, na qual fui reprovado. Ele considerou meu projeto "impressionista", ou seja, pautado por impressões pessoais desprovidas de embasamento teórico. Talvez tenha razão. A qualidade teórica do meu projeto não vem ao caso agora - sei que estudei pelo menos oito autores do tema tratado, mas nunca tive a intenção de usá-los como muletas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No entanto, após algumas reflexões, minha opinião, sim, isso mesmo, minha opinião, é de que os pensadores deste País tenham perdido a coragem de dizer realmente o que pensam, de criar um pensamento autônomo. Preferem, na maioria da vezes, esconder-se nas elocubrações alheias, eivadas de um tecnicismo conceitual burocrático e alienante, sem paralelo com a realidade, sem qualquer traço de um diletantismo à arte do pensamento.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Daqui a alguns anos, o quadro será ainda mais trágico. Não se tratará apenas da falta de coragem, ou vontade de independência intelectual, mas de conhecimento. Eu penso todos os dias no impressionismo do meu projeto e não tenho medo de enfrentá-lo. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-70640036609208275792010-12-28T18:54:00.000-08:002010-12-28T18:54:33.988-08:00Não gosto do Natal, mas dos presentes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TRqggwjtXKI/AAAAAAAAAU0/tUdpkh-YFIE/s1600/natal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" n4="true" src="http://3.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TRqggwjtXKI/AAAAAAAAAU0/tUdpkh-YFIE/s1600/natal.jpg" /></a></div><div style="text-align: justify;">Então, foi Natal... E ainda vejo crianças negras, maltrapilhas, pseudo-sorridentes, com suas caixinhas forradas de papel cartolina, lançando-se sobre os vidros fumês dos carros à procura, muitas vezes encorajadas pelos pais, de uma nica, uma moeda qualquer, uma migalha de presente natalino. Dançam, realizam malabarismo, dramatizam, em rostos tristes forjados, a carência que lhes é habitual e rotineira. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas daqui a alguns dias vão desaparecer da mesma forma "mágica" com que apareceram aos montes nessas últimas horas de espírito cristão. E voltarão ao total esquecimento. A verdade é que até esse período, de elevação espiritual humana, transforma-se em evento, em oportunidade de capitalização. E, infelizmente, nossas crianças sabem disso, seus pais sabem disso, só a gente, da turma aqui do Natal, que ignora, ou finge não saber. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">E aí tratamos de abrir nossos vidros fumês elétricos com a ponta dos nossos dedos, para com os mesmos depositarmos solidariamente e lamentosos duas ou três niquinhas de Real, seja naquela caixinha horrosa de cartolina, seja nas pequenas mãos sujas que nos tira o peso das costas até o próximo Natal. Como se houvesse um acordo social tácito de que a mercantilização da solidariedade devesse ser sazonal e a forma menos evidente para mascarar a condição egoísta do homem capitalista. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Eu, inclusive, já despejei alguns míseros centavos, dei um sorriso receptivo e recebi um "obrigado" formal e singelo de gratidão. Agora estou aqui escrevendo as baboseiras que provam minha tamanha e natural hipocrisia. Foi longe de centavos o que gastei para presentear pessoas queridas e mais próximas. Na verdade, nunca gostei de Natal. Porque ele faz parecer que o altruísmo é um valor nosso, dos seres humanos. Porque ele consegue mascarar que a solidariedade humana é uma moeda de troca. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em raríssimas vezes, tal solidariedade não esconde ou um interesse material (ganhar um presente legal também) ou um pretensioso e suposto acerto de contas com nosso egoísmo e mesquinharia, sendo, assim, mais egoístas e mesquinhos que outrora, com o agravo de sermos, nesse momento, mais dissimulados. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, eu nunca gostei de Natal. Porque ele me faz ver que não estamos nem aí para os meninos pedintes nas sinaleiras. Eles nos agridem, incomodam, mas, por fim, concedem-nos penitência de pecados que nunca cometemos. "Feliz Natal" é tudo o que Capitalismo sempre quis desejar ao Cristianismo. A moral cristã é a mesma daquela capitalista. Ou melhor, a solidariedade sempre teve o seu preço e seu marketing. É evento socioeconomico, nada mais. Tiremos dele a magia e a espiritualidade que nunca teve de direito.</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-52006755126980326942010-11-24T17:53:00.000-08:002010-11-24T17:53:25.473-08:00O menino capoeira e o Estado assassino<div style="text-align: justify;">O caso do menino capoeirista Joel Conceição Castro, 10, morto dentro de sua própria casa na noite do último domingo durante uma ação policial no bairro do Nordeste de Amaralina, escancara a insanidade de nossa sociedade. O garoto, prodígio do grupo capoeira Gingado Baiano, saiu das cores suaves de sonho da propaganda institucional do governo, voltada para atrair turistas em torno da cultura afrodescendente baiana, direto para as cores duras da realidade da violência urbana, que ceifa a vida de jovens da nossa capital, em sua maioria esmagadora pobres e negros. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">No enterro do pequeno capoeira, palavras brotaram como desabafos para além da justa revolta dos familiares, amigos e vizinhos de Joel. Mestres de capoeira, líderes comunitários e membros do movimento negro fizeram um chamamento à comunidade do Nordeste - válida para demais bairros populares onde vige o império da barbárie - de que é necessária uma luta política de inclusão dos espaços pobres dentro do Estado de Direito Democrático. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Discursos como o do fundador do Movimento Atitude Quilombola no Nordeste de Amaralina, Wilson Queiroz, denotam uma consciência que transcende o recorte específico da tragédia: "Há um certo tipo de genocídio nas favelas. Não temos mais a quem recorrer. Estamos morrendo no Nordeste, no Subúrbio, na Liberdade. O sistema fez a violência entrar em nossas casas. A capoeira tem poder. Está na Europa. Ela deve movimentar a Europa e a ONU (Organizações da Nações Unidas)", disse o líder comunitário. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As palavras muitas vezes soaram segregacionistas, pintando um quadro no qual brancos executam negros. Os afrodescendentes - 80% da população de Salvador e na maioria pobre - sem dúvida são as maiores vítimas da violência urbana, e por isso se faz compreensível o entendimento ali exposto - mas a sociedade, especialmente nos âmbitos brancos e elitistas, não deve entender a realidade por esse prisma, acentuando os contornos de um apartheid socioeconomico vigente, escondendo-se atrás da falsa prerrogativa de que tamanha violência não bate à porta ou não estraçalha à bala a janela do quarto do lar para em seguida esfacelar a cabeça do filho querido. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Infelizmente, estamos nesse patamar, fazendo ouvidos surdos para o drama de milhares de Joeis periferia afora, vivendo a farsa de uma pseudo liberdade e escassa democracia. Ou poderíamos considerar livres cidadãos que estão submetidos a blitz policiais intensivas pelas ruas, todos a princípio suspeitos até que provem a inocência depois da auditoria do Estado vigilante? Ou somos ingênuos a ponto de acreditar que estamos assim protegidos, que podemos então lavar as mãos e esquecer? Ou não lembramos que o idoso Isnard Costa, 73, foi assassinado dentro de seu apartamento no mesmo último fatídico domingo, localizado no Corredor da Vitória? Ou não lembramos que o juiz Carlos Alessandro Pitágoras foi morto, em julho, numa briga de trânsito, pelo PM Daniel dos Santos Soares?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uma sociedade que demanda um Estado violento e vigilante está doente. Pagamos uma polícia militar para certificar nossa inocência enquanto ela mata os inocentes de verdade. A PM é nosso espelho, tão vítima e algoz quanto a sociedade que construímos e o Estado que legitimamos. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-29315995118086165692010-10-23T11:18:00.000-07:002010-10-24T04:28:32.959-07:00Luz aos acontecimentos, enfim<div style="text-align: justify;">O Estado de São Paulo lançou um pouco de luz ao abismo em que o cidadão brasileiro vem caindo nesses dias de recorrentes trocas de acusações mútuas entre petistas e tucanos e, mais grave, de um imenso bombardeio de matérias jornalísticas com versões partidárias, interesseiras e distorcidas. Estávamos à beira de uma república niilista, diante de uma histórica descrença pública nos políticos brasileiros, salvo raras exceções, e do descrédito total a uma imprensa de um lado golpista (Globo, Veja, Folha de S. Paulo) e de outro quase chapa branca (Istoé, Carta Capital, Record).</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Tiro o Estado de São Paulo do bolo não por inclinações ao jornal, mas porque teve a coragem de divulgar o depoimento na íntegra do grande protagonista dessa sujeirada eleitoreira a que estamos submetidos nos últimos dias. Falo do jornalista Amauri Ribeiro Júnior. À Polícia Federal, ele de fato afirmou que investigava José Serra, em nome do jornal Estado de Minas, que pretendia proteger Aécio Neves das investidas investigativas do presidenciável tucano, cujo objetivo era produzir um dossiê contra o político mineiro a fim de pressioná-lo a desistir da sua candidatura à presidência.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Amauri Ribeiro também confirma que o material coletado das suas investigações apontam para o envovimento de José Serra nas operações suspeitas de privatização de estatais brasileiras na era FHC, inclusive da filha do tucano, Verônica Serra, através de contas em paraísos fiscais. Mas o PT também não é poupado. O jornalista aponta para uma briga interna dentro do partido, cujo epicentro de conflito seria o controle da comunicação da campanha de Dilma Roussef. Tal conflito teria gerado o vazamento dos dados sigilosos de familiares de Serra e outros tucanos à imprensa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Veja <a href="http://www.estadao.com.br/especiais/2010/10/documento_amaury.pdf">aqui</a> o depoimento na íntegra. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-29353723963587372010-10-18T20:15:00.000-07:002010-10-18T20:25:50.853-07:00A democracia mostrou seu fígado<div style="text-align: justify;">Minha opinião diverge de todos os discursos moralistas e assépticos sobre esse momento da política brasileira. A campanha eleitoral em nível abaixo da linha de cintura, para usar um jargão do boxe, expõe nosso fígado, quando digo nosso, estou falando da democracia brasileira. E serve para assustar os mais crédulos desse nome que é igual a picolé na boca de criança, uma vez com ele não se quer mais largar. Também serve para alertar os mais céticos, de que o veneno de cobra pode funcinar, em doses controladas e certeiras.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Em meio a essa sujeirada toda, levada a cabo por petistas e tucanos, ficamos atentos que era preciso aprimorar os mecanismos de guarda dos dados sigilosos da Receita Federal. Embora já fosse notório o vão do sistema, a mídia só na eleição jogou o problema à esfera pública na dimensão que carecia, embora por caminhos tortuosos e distorcidos, balizados pela disputa eleitoreira e não pelos certames da segurança jurídica e fiscal dos brasileiros. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Pelos mesmos subterfúgios, e aí devam-se, em parte, os louros à imprensa tupiniquim, desmascarou-se a Erenice Guerra e seus tentáculos na Casa Civil e lembraram-se os esquemas de um certo Paulo Preto e suas relações com o candidato José Serra, servindo para tirar de exclusivos do lulopetismo os atos mais suspeitos e escandalosos. Isso é saudável ao processo político, não estou blefando. A politica em nenhum momento serviu-se do altruísmo para fazer valer suas premissas, por mais humanitárias e justificáveis se apresentassem. E a imagem pudica a qualquer político profissional não pode corresponder sempre, nem ajudar, a uma democracia em construção, como a nossa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas não bastassem tantos suplementos à robustez do poder de nosso povo, veio a "tsunami" ou seria "marola" do engajamento e poder religiosos, travestido da questão sobre o aborto. Pronto. Expusemos nosso fígado, jogamos ele para fora. A política está condicionada a um pathos. A nada mais brasileiros estão tão assujeitados que suas próprias convicções de fé, e, portanto, também religiosas. Resumindo, nossa política é pessoal, personalista e patológica. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Daí porque a polêmica serviu para escancarar que a democracia brasileira é tão racional quanto a laicidade do entendimento do povo, ainda que seu Estado, por definição, seja laico. Se o povo reza, ora e pede a Deus, não há democracia agnóstica que inverta a ordem das coisas. E, lembro, a religiosidade é a maior questão politica do mundo hoje, bem sabe a dita maior democracia do Mundo, com seu presidente negro, suas vítimas de atentado terrorista, sua expansão imperialista belicista e seus discuros intramuros raivosos, racistas, protestantes e ultraconservadores de plantão. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-18218763711410290312010-10-04T15:16:00.000-07:002010-10-04T15:16:44.809-07:00Marina oferece uma nova política para o Brasil<div style="text-align: justify;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TKpRdcaUWvI/AAAAAAAAAUs/zrc2lItBWCQ/s1600/Marina-Silva-2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" px="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TKpRdcaUWvI/AAAAAAAAAUs/zrc2lItBWCQ/s320/Marina-Silva-2.jpg" width="224" /></a></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Marina destoa de tudo velho, para anunciar boas novas e trazer sangue renovado às veias viciadas e desgastadas da política brasileira. Seus quase 20 milhões de votos são uma expressão inequívoca de um novo anseio político vicejando nas entranhas da sociedade brasileira. Não é apenas mero fruto de um casuísmo político das atuais eleições, impulsionado por denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, de posicionamentos polêmicos acerca do aborto atribuídos à candidata Dilma Roussef, nem de uma consequente adesão do público religioso à candidatura do PV, devido à religiosidade de Marina. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">É muito mais. Caso contrário, não seria ela a "roubar" os votos do PT, mas Serra. Caso contrário, cientistas políticos e jornalistas analíticos não estariam, por assim dizer, aconselhando petistas e tucanos a adotarem o programa e discurso ecosustentáveis em suas campanhas neste segundo turno. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">A minha empolgação sobre Marina tem razão de ser. Ela, felizmente, plantou um sentimento forte de que o Brasil pode voltar a ser um País altamente politizado, sobretudo sua juventude, e reverter um processo de despolitização ou burocratização do discurso político, recentemente limitado às burras arestas tecnocratas, gestacionais e administrativas. Ela deixou claro que é possível outra onda de mudança e projeto políticos, assim como fez Lula de 1989 até o ano que foi eleito em 2002. Marina teve grande votação na classe C - a nova classe média - e entre os universitários. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Não seria exagero declará-la a "Lula de saias", ainda que Marina, por sua trajetória própria e personalidade forte, não careça de bases referenciais. Seu chão é sua história e a crença em um modelo atual de desenvolvimento sustentável. Sobre ela, não se pode apregoar radicalismos, como sempre tentaram anexar a Lula, tachado muitas vezes de "comunista". </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">Serena, altiva, elegante, com o desenho do povo brasileiro em seus traços fortes de gente aguerrida do Norte, Marina sinaliza um cenário promissor na política brasileira. Pinta como o grande quadro político do Brasil do século XXI. Lembrem que Lula, em 1989, com todo seu capital político associado à luta dos trabalhadores, teve 16 milhões de votos, três milhões a menos que Marina agora. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">É hora de alçar novos voos. Estamos há 16 anos sob o governo do PSDB e do PT. O Brasil precisa de uma terceira via. Marina nos espera em 2014. Torço por isso. "Estamos em primeiro lugar no turno de uma nova política que se inaugura no Brasil”, afirmou ontem Marina Silva.</div></div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-43696440282889658522010-09-24T14:20:00.000-07:002010-09-24T14:23:12.632-07:00Depois de exageros, a briga político-jornalística<div style="text-align: justify;">O recente encrudescimento da relação entre o governo Lula, através do próprio presidente, e a grande mídia nacional fez brotar discussões calorosas e análises subsequentes que perpassam por temas caros como censura à liberdade de expressão e de imprensa, mídia partidária, jogo politico eleitoreiro e opinião pública.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Vou presumir que os leitores já saibam de todo o contexto, para não me tornar chato em repetições de assuntos dados de forma tão enfadonha, inútil e inescrupulosa. Bem, Lula se excedeu em algumas declarações sobre o comportamento da imprensa. Os jornais e revistas também, numa tentativa de contra-ataque. O mais recente e enérgico veio do jornal Extra. Veja <a href="http://blogs.estadao.com.br/radar-politico/2010/09/24/jornal-extra-faz-capa-dupla-para-responder-as-criticas-de-lula/">aqui</a>. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Por um lado, não se trata, como o presidente acredita ou pretender fazer crer, de uma mídia político-partidária, mas apenas partidária. E ela toma parte dos seus negócios jornalísticos. Então, que empresa de comunicação capitalista não publicaria denúncias de tamanha gravidade, como as que envolvem a ex-ministra Erenice Guerra? Ainda que a narrativa seja abusiva em muitos casos, ela não foi inventada e provavelmente iria a público caso se tratasse de outro governo, como vimos exemplos inúmeros na era FHC. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Sei que a denúncia da revista Veja é inconsistente em muitos pontos. Não responde a uma pergunta crucial por exemplo: qual o interesse do lobista Fábio Baracat, sócio do filho de Erenice, em denunciar um esquema do qual ele mesmo fazia parte e se beneficiava? Já no caso do tal de "receitagate", porque um fato ocorrido em 2009 veio a público somente agora? Mas isso não minimiza as denúncias. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na outra ponta, Lula está longe de ser um estadista autoritário que tenha intenções de controlar a imprensa. É fantasioso, histriônico e distorcido o levante da grande mídia nacional contra supostas medidas de censura por parte do governo. A proposta do Conselho Nacional de Jornalismo (CNJ) veio da própria Associação Nacional de Jornalistas (ANJ) e o controle social referido no Plano Nacional de Direito Humanos 3 foi abertamente discutido com a sociedade em simpósios e congressos, dos quais os grandes empresários de comunicação, apesar de convidados, ausentaram-se. E uma coisa é controle social, outra é censura. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Disso tudo, uma certeza. A acachapante popularidade de Lula (80% de aprovação) e a provável eleição de Dilma Roussef no primeiro turno mostram que o presidente acertou ao dizer que a "opinião pública somos nós", ou seja, o povo, e não o governo, como as interpretações jornalísticas insistiram em entender. A verdade é que o jornalismo tem perdido a posição mais privilegiada na formação da opinião pública, a ponto dessa não poder mais coincidir ou ser confudida com a opinião da grande imprensa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-91420259805745920212010-09-22T14:11:00.000-07:002010-09-22T14:28:50.757-07:00A segmentação jornalística da violência<div style="text-align: justify;">Lia o livro "Assalto ao Poder - o crime organizado", do jornalista Carlos Amorim, quando me ocorreu um estalo. Em uma crítica lúcida sobre a banalização da violência, refletida sobretudo na cobertura jornalística, Amorim registra, com lamentos, que a mídia ou deixa de cobrir a violência urbana por considerá-la insignificantemente cotidiana demais para ganhar o apreço jornalísitco, com exceção dos grandes acontecimentos, ou faz dela um grande espetáculo de horror.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Ele tem razão. Mas meu ponto é outro. Qualquer pessoa que tenha lido alguma coisa sobre violência urbana no Brasil sabe que as suas maiores vítimas são jovens pobres, sobretudo quando falamos em crimes contra a vida. Isso é fato, mas não deixa de me causar espanto um fenômeno, de natureza empresarial-jornalística, pelo qual passamos a ter, sob o argumento do direcionamento de conteúdo condizente a cada público-alvo, uma classificação da violência, aquela de rico, e aquela de pobre.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na esteira da criação dos jornais populares, vejo empresas de comunicação defenderem duas narrativas jornalísticas para o mesmo fato - uma no produto popular com ênfase no drama pessoal decorrente da violência, sensível às sensações, por assim dizer, para evitar o jargão "sensacionalismo"; e outra, atenuando os reflexos das mazelas criminais e, em princípio, atenta às causas do fenômeno. O cenário já é preocupante, no entanto se agrava porque o tema, sob a rubrica "Segurança", tem perdido importância nos grandes jornais, para se tornar quase exclusivamente matéria-prima da mídia popular. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Essas segmentações, do ponto de vista empresarial, são compreensíveis, mas são problemáticas do ponto de vista sociológico - e sob esse viés que minha burrice teima em me fazer ver e praticar o jornalismo. Torna-se extremamente reducionista acreditar que o público das classes ricas - ainda que acredite nisso - seja imune ou defeso à violência urbana cotidiana, aquela vista como expressão da chamada "guerra civil não declarada", comumente associada às áreas periféricas. O jornalismo está contribuindo para acentuar o discurso do apartheid social e dele próprio, ao invés de denunciá-lo e combatê-lo.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Bom que Carlos Amorim venha num esforço contínuo e brilhante de mostrar o problema da violência no seio de toda a sociedade, conectada ao crime organizado e ao poder, especialmente o econômico. Curioso que acabo de ler uma notícia na Folha Online: "Polícia prende 16 jovens de classe alta por tráfico de drogas no Rio". E aí a dúvida: vai para o jornal tradicional ou para o popular? E sob que critérios e nuances narrativos? </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-63290041715270571442010-09-04T13:32:00.000-07:002010-09-04T13:37:15.614-07:00Santo André: o vespeiro petista<div style="text-align: justify;">Mais uma vez Santo André. O que esconde essa cidade paulista? Os mais enfadonhos, sujos e vis esquemas ligados ao PT brotam dali. O que já vem sem chamado de "fiscogate" - a quebra ilegal dos sigilos fiscais da Receita Federal de 140 pessoas, entre elas pelo menos quatro tucanos e a filha de José Serra - tem na cidade seu epicentro. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Algumas das operações identificadas como fraudulentas foram realizadas em computadores da agência da Receita Federal em Santo André, com a senha da servidora Antonia Aparecida Rodrigues dos Santos Neves Silva, inclusive a quebra do sigilo dos tucanos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">De Santo André também vem o novo personagem principal dessa história cabeluda do "fiscogate", o Antonio Carlos Atella Ferreira. Foi ele que com uma procuração falsa conseguiu os dados da declaração de renda de Verônica Serra, filha do presidenciável tucano. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Receita confirmou que a declaração de renda de Veronica referente aos exercícios de 2007 e 2009 foi acessada em 30 de setembro do ano passado na delegacia do fisco em Santo André. O documento falso solicitando os dados foi entregue por Atella, que se apresentou como procurador da filha de Serra. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Também não podemos deixar de lembrar do misterioso <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Celso_Daniel">caso Celso Daniel</a>, político assassinado em 2002 quando era prefeito da mesma cidade de Santo André. Pois bem, para quem quer meter a mão no vespeiro petista, deve começar por lá. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-65154196853601269372010-09-03T18:04:00.000-07:002010-09-04T13:58:33.905-07:00Poder do exército, poder do povo<div style="text-align: justify;">Estou na fila para tirar a segunda via da carteira de reservista do Exército. Última quinta-feira, 02, às 8h da manhã, já havia pelo menos quarenta homens concentrados à porta do prédio número 03 da rua Chile, Centro Antigo de Salvador. Chegaram ali por volta das 6h, a maioria para jurar a bandeira, procedimento necessário para o alistamento junto às Forças Armadas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Há onze anos cumpri o mesmo ritual. Cometi o vacilo de deixar minha carteira de reservista dentro de outra carteira, a de dinheiro (que, coitada, quase nunca o vê). Pois bem, roubaram-me. E lá se vai eu novamente acordar cedo - um pouco menos cedo desta vez, há uma década precisei chegar no quartel de Amaralina às 5h da matina - e refazer este documento tão fundamental. Sem ele, nada de tirar passaporte e garantir um cargo público por concurso.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">As peculiaridades do Exército continuam as mesmas. Mecanismos altamente hierarquizados e burocratizados, a ponto de uma expedição de segunda via de documento levar nada menos que cinco horas, sob os gracejos nada inteligentes, desnecessários e, às vezes, abusivos, dos sargentos de plantão, exibindo um poder que já não mais cultivam espontaneamente. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Durante a demorada espera, ouvem-se comentários sobre a conduta e o despreparo da infraestrutura para prestação do serviço. Se chovesse, pelo menos metade dos quarenta homens ia ter que aguardar feito pinto molhado do lado de fora - a sala de recepção não tinha capacidade para acolher todo mundo. Bem, e enfezar-se com os gracejos milicos era bobagem, correr o risco de ser obrigado a voltar outro dia, e, quem sabe, ter a sorte de fazer a carteira. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas lá pras tantas, do poder do sargento Miranda, era ele quem organizava o serviço naquela quinta, a conversa mudou para o poder político no sentido estrito de Estado. Três camaradas comentavam a gestão Lula, consideraram-na ótima, assim como 77% da população brasileira.<br />
<br />
Curioso, foi o comentário de um deles. "Antes para comprar um pisante bom (tênis) você pagava até R$ 500, eu comprava uns de R$ 100, tudo vagabundo, não durava nem um mês. Hoje com isso, eu compro um pisante decente", disse. "Os ricos estão pirados porque Lula deu para os pobres, e neguinho pensa que pobre é burro. Deus deu inteligência a todo mundo, não tem essa história de burro, até a natureza é sábia", completou. <br />
<br />
Não sei o nome dele. Sei que foi embora sem a carteira de reservista. Resolveu voltar no dia seguinte, porque tinha que trabalhar pela tarde, e já eram mais de 11h30. O processo dele foi difícil aquele dia. O sargento lhe disse que não havia registro algum dele no sistema e ele teria que fazer todo o processo de segunda via novamente. Segundo contou, já havia pagado a taxa e multa cobradas pela confecção da carteirinha, mas o sargento exigiu novo pagamento. <br />
<br />
Duro, com o dinheiro só da passagem, foi salvo pela doação dos R$ 7 da taxa e multa. Fiquei com pena do camarada. Na verdade, é um vacilão porque se havia pagado uma vez era só mostrar o recibo de pagamento ao sargento. Sei lá, lembrei dele ao ler novamente o texto aí embaixo. Ele tem razão... De burro, o povo não tem nada. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-62390424185566658722010-08-19T18:14:00.000-07:002010-08-19T18:24:23.523-07:00Um voto mais que consciente<div style="text-align: justify;">Acabo de ver na TV uma propaganda do Ministério Público Federal alertando para o absurdo de "vender" o voto em troca de mimos, favores ou empregos. O anúncio televisivo simula um programa de auditório onde a participante do quadro tem que responder à seguinte pergunta do apresentador: a senhora opta por um hospital público novo ou uma dentadura?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A participante se encontra dentro de uma cabine da qual, presumo, ela não pode ouvir a pergunta lhe direcionada e deve, assim, respondê-la no escuro. É um esforço do MPF para demonstrar que a venda do voto é politicamente inconsciente e gera resultados catastróficos. Muito boa a iniciativa.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Mas da propaganda fiquei pensando. Até que ponto a "venda" do voto em troca de uma mínima dentadura, ou mesmo uns sacos de cimento, ou meses de cesta básica etc etc, é de fato politicamente inconsciente? Que é catastrófica, disso eu não tenho dúvidas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O brasileiro abaixo da linha de pobreza (hoje são 43 milhões nessa situação) olha para sua condição política - quer dizer suas possibilidades dentro da pólis, da cidade, de quem tem renda suficiente apenas para comprar comida e os que têm menos ainda - e põe na balança se vota naquele candidato que lhe promete um hospital público ou naquele do saco de cimento, uma dentadura, uma cesta básica etc etc etc. Coisas que lhe chegam de pronto, diferente das promessas eleitoreiras deslumbrantes e, da maioria das vezes, inexecutadas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Parece-me bastante consciente. Tão quanto como à época da colonização portuguesa em terras tupiniquins, quando os índios, por muito historiadores considerados ingênuos, trocaram riquezas naturais, como o Pau Brasil, por bugigangas europeias, a exemplo de espelhos. Para alguém que nunca havia se visto tão claramente, a não ser pelos reflexos pouco clarividentes dos espelhos d'água dos rios e lagos, conceder árvores, de que sua terra era farta, em troca de apetrechos tão sofisticados, era um grande negócio.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Na verdade, todos utilizam de seus recursos - o voto é um recurso democrático - para melhorar sua condição existencial, em nossos dias essencialmente política. Se há de prática ilegal ou imoral trocar o voto por um prato de comida, advirta àqueles que o negociam por um bom emprego. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Lembre que até mesmo jornalistas, ditos e autointitulados os tutores da democracia e do voto consciente, lembre que muitos deles em anos de campanhas prestam seus serviços, e sua consciência jornalística, portanto política, para esses mesmos políticos que não titubeiam em conceder uma dentadura enquanto prometem um hospital público novo. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-60410265317518220442010-08-09T11:53:00.000-07:002010-08-09T11:53:25.667-07:00Mijar na rua pode levar à prisao<div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Esta conversa agora do prefeito João Henrique querendo punir os mijões de plantão da cidade é, por enquanto, no mínimo esquizofrênica. Pelo menos até tivermos a infraestrutura necessária para cobrar tal civilidade fisiológica. Se não for nos postes, aonde é que os soteropolitanos vão dar aquela mijadinha quando estiverem em apuros no meio da rua?</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF9RZ9BXyHI/AAAAAAAAAUQ/BeTXRkHThYw/s1600/P7060593.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" bx="true" height="150" src="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF9RZ9BXyHI/AAAAAAAAAUQ/BeTXRkHThYw/s200/P7060593.JPG" width="200" /></a>A capital conta hoje com 200 sanitários moveis. A prefeitura anunciou a implantação de mais 50 mictórios públicos pela cidade para evitar a urinada nas vias. Ainda é pouco, acho. São quase três milhões de habitantes, o que dá uma média de 12 mil pessoas para cada banheiro. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">E a questão numérica nem é a mais crônica, mas a qualidade dos banheiros. Aqueles químicos, que costumamos ver em lugares turísticos, como o Centro Historico e Farol da Barra, e também no Carnaval, são de arrepiar a espinha.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF9SEf-gOoI/AAAAAAAAAUY/NMoXch5Dd58/s1600/P7070628.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; cssfloat: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" bx="true" height="320" src="http://3.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF9SEf-gOoI/AAAAAAAAAUY/NMoXch5Dd58/s320/P7070628.JPG" width="240" /></a>Na verdade, esse negócio de banheiro público é uma coisa muito natural pelo mundo. O mictório é um equipamento urbano como um banco, um semáforo, uma placa de trânsito. Em Amsterdam, na Holanda, por exemplo, os banheiros são sinalizados (foto acima), e não raro, você pode se deparar com um banheiro como esse da foto ao lado. Olha eu aí dando a minha mijada, ao ar livre, sem portas, sem a sensação claustrofóbica que dão esses banheiros químicos daqui. Ah, sim, e com a privacidade suficiente para colocar o pinto para fora. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Em tempo, não esqueçam que guardas municipais vão fiscalizar as ruas de Salvador junto com policiais militares. Quem tiver mijando em via pública poderá ser preso, com base no Código Penal, capítulo VI (ultraje público ao pudor - Art. 233, que prevê detenção de três meses a um ano, ou multa). </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-74732671730963352072010-08-07T10:50:00.000-07:002010-08-07T11:24:44.729-07:00Capa irreverente e ousada, bom para o jornalismo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF2c5j02XxI/AAAAAAAAAUI/QmPvohLAB_Y/s1600/capa.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" bx="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TF2c5j02XxI/AAAAAAAAAUI/QmPvohLAB_Y/s320/capa.jpg" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Não sou Bahia nem Vitória, não torço, na verdade, para time algum. Por isso sobre a polêmica capa do Correio anunciando o vice-campeonato do Esporte Clube Vitória na última quinta-feira, 5, falo estritamente do ponto de vista jornalístico.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Uns, rubro-negros na maioria, estão indignados com a capa por acharem que ela desrespeita o time e a torcida, que lutaram e muito ansiaram pelo título inédito. Outros, muitos tricolores, evidentemente, acharam a capa superdivertida e criativa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A direção do Esporte Clube Vitória ficou irritada com o jornal e disparou: "A diretoria do E.C.Vitória vem a público repudiar a capa do jornal Correio desta quinta-feira, dia 5 de agosto, que de forma jocosa tentou denegrir a imagem desta gloriosa agremiação, menosprezando o sentimento da imensa nação rubro-negra. Engana-se quem pensa que nós, torcedores do Vitória, sentimo-nos derrotados ou fracassados, pelo contrário. Após quatro anos saímos da Série C para fazermos uma final histórica em nosso santuário, o Barradão".</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Como jornalista, acho que o Correio foi felizmente ousado e fugiu ao padrão da cobertura esportiva que monotoniza os jornais em manchetes do tipo "Vitória ganha, mas não leva". Vale lembrar que antes da final o Correio fez uma capa do mesmo estilo mostrando a estrela em cima do brasão do clube, simbolizando assim o desejo de milhares de torcedores baianos. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">O esporte dá margem ao senso de humor e foi disso que os editores do Correio lançaram mão, sem perder a qualidade informativa. Nada aí tem que ver com imparcialidade e ética. Só sentiu-se desrespeitado quem não tem espírito esportivo.<br />
<br />
Em tempo, cabe lembrar à direção do Vitória que é politicamente e até eticamente incorreto fazer uso da palavra "denegrir", que também significa tornar negro, para alcançar o sentido de manchar, de macular uma reputação, uma pessoa, uma imagem, etc. Em uma cidade onde 80% da população é negra, esse cuidado se faz mais premente do que se indispor e criticar a liberdade criativa e bem-humorada de jornalistas.</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-13238165649808453312010-08-06T19:13:00.000-07:002010-08-06T19:13:27.048-07:00Meu voto é de Marina<div style="text-align: justify;">Hoje sou daqueles que acreditam na aposta. E entre os quatro candidatos à presidência da República, que fizeram ontem o primeito debate televisivo destas eleições, aposto em Marina Silva, do Partido Verde (PV). </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Dispenso a tecnocracia mesclada ao tom lulopetista da canditada Dilma Roussef. É injusto não ganhar por méritos próprios, sustentando-se na absurda popularidade do presidente Lula. A proposta de Dilma calca-se no continuismo, o que por um lado é excelente, mas por outro pode levar à paralisia da austeridade fiscal.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Desprezo o radicalismo do candidato do Psol, o Plínio Arruda, pois desafia um sistema econômico ainda desigual e concentrador de renda apenas com retóricas vazias e pirotécnicas, sem apresentar alternativas plausíveis de outro modelo de gestão que leve ao desenvolvimento geral do País. É bom para o debate, porque joga nele certa pimenta, mas desnecessário para levar o Brasil ao centro dos grandes temas mundiais.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Antipatizo, não vou mesmo com a cara de José Serra. Um político de biografia invejável, ideias de gestão claras, no entanto sem uma autenticidade que o torne uma liderança a altura da posição do País hoje no cenário mundial. E, além disso, sua proposta de gestão não difere muito da candidata Dilma.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A Marina, não. Ela tem o arcabouço ideologíco e técnico condizente às atuais e mais importantes questões da economia mundial. Pela primeira vez, os habitantes poderosos desse planeta azul estão pensando em ganhar dinheiro através de formas sustentáveis, não porque se tornaram os melhores homens do mundo, mas porque se deram conta que isso pode realmente gerar muita riqueza. Marina, a nossa ecocapitalista, diria Plínio, entende isso muito bem.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Meu voto é dela. Embora minha convicções religiosas, melhor, não religiosas, sejam séculos longe das dela. Mas isso é outra história. Nosso estado é laico. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-71878119322483230232010-07-18T05:17:00.000-07:002010-07-18T05:17:37.119-07:00Uma outra janela<div style="text-align: justify;">Volto à minha janela depois de aproxidamente um mês longe dela. Do parapeito pelo qual há 15 anos percebo o mundo e dialogo com ele, retorno a observar a tranquila rua de paralelepípedos estendendo-se à direita e à esquerda, meus acessos seminais à cidade da Bahia, à província soteropolitana. Olho, e desta vez há algo de diferente. A tranquilidade habitual é a mesma, as depressões da via também, o horizonte imutável que deslumbra visões múltiplas, porém, é igualmente diferente. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um passeio turístico pela Europa de 26 dias ao lado de minha namorada, Verena, foi suficiente para que minha janela se tornasse pequena e engrandecidamente mais acolhedora. Passeamos por seis grandes cidades europeias (Madrid, Barcelona, Paris, Amsterdam, Berlim e Bruxelas), em cinco países (Espanha, França, Holanda, Alemanha e Bélgica), apreciando seus principais pontos turísticos, mas atentos a outras peculiaridades, através de nossas longas caminhadas pelas ruas. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Quero compartilhar com meus poucos leitores as experiências e percepções que resultaram dessa viagem. Aos poucos vou escrevendo sobre as diversas situacões vividas no Velho Mundo, as curiosas, engraçadas, constrangedoras, difíceis e por ai vai. Estou também de volta à minha janela virtual. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-13332053950897097332010-06-11T19:50:00.000-07:002010-06-11T19:53:00.565-07:00Que a bruxa pare por aí!<div style="text-align: justify;">Antes mesmo da Copa do Mundo da África do Sul começar, a bruxa andava solta aos redores do mundial. Em amistosos de preparação para o torneio, o craque da Costa do Marfim, o atacante Didier Drogba, quebrou o cotovelo e ficou de fora da competição. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A seleção canarinho já enfrentou contusões de Luís Fabiano, Kaká, Michel Bastos e a mais precupante, a do goleiro Júlio César, cujas dores nas costas seguem incomodando o arqueiro. Já a Holanda vai estrear na Copa sem o craque Robben, do Bayern, que sofreu um contusão no joelho em um amistoso preparatório. E a Alemanha teve que aceitar a ausência do "Kaká alemão", Michael Ballack. O meia se contundiu em partida da Copa da Inglaterra. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Fora de campo, as perdas também foram siginificativas, na verdade maiores. O tenor sul-africano Siphiwo Ntshebe, conhecido em seu país como "Pavarotti Negro" e que era um dos artistas escolhidos para participar do show de abertura da Copa do Mundo, morreu em decorrência de uma meningite 16 dias antes de começar o grande espetáculo do futebol. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Não bastasse, uma notícia muito triste foi divulgada anteontem. Após deixar o Soccer City, onde foi realizado o show de abertura da Copa, uma bisneta de Nelson Mandela se envolveu em um acidente de carro e faleceu horas depois, já na manhã de ontem. Por conta da tragédia, o grande líder sulafricano não compareceu à cerimônia oficial de abertura do mundial, realizada minutos antes dos Bufanas Bufanas jogarem contra o México a primeira partida da Copa. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Que a bruxa fique por aí e que daqui para frente o espírito de resistência e luta pela paz do povo sulafricano tome os campos e bastidores da grande festa da bola. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-49487869318225618552010-06-07T17:56:00.000-07:002010-06-07T17:58:59.759-07:00A Taça é nossa, é?O produtor artistico e estudante de Direito, Márcio Costa, refletiu sobre o logo da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e escreveu o artigo abaixo:<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">A Fifa divulgou o símbolo da próxima Copa do Mundo que será sediada aqui no Brasil. Uma peça publicitária interessante: a taça com várias mãos nela. Veio-me à cabeça logo a sensação de perseguição, de menosprezo, a tão falada síndrome do patinho feio, ou ainda melhor a síndrome do "só por que sou pobre doutor"?</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TA2TLAAOiaI/AAAAAAAAAUA/KI5uqLft304/s1600/logo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" qu="true" src="http://2.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TA2TLAAOiaI/AAAAAAAAAUA/KI5uqLft304/s320/logo.jpg" /></a>Porque até numa peça publicitária de um símbolo que representará nosso País num mundial, tenho a sensação de que estão dizendo que querem roubar, furtar, afanar, dar um jeitinho, se beneficiar. Todos querem colocar a mão, nem que seja o dedo, na taça. Mas pode ser uma figura de linguagem esse “colocar a mão na taça”. Digamos que os governos estaduais já começaram a colocar “a mão na taça”, estão só na espreita aguardando o prazo de inicio das obras ficarem no limite ou passar deles e começar a correr com obras de urgência. E o que vem daí? Prestações de contas frouxas e aumento no valor das obras para poderem ser entregues no prazo exigido. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Todos querem colocar a mão na Taça. As seleções literalmente querem ganhá-la pelo mérito em campo de ser o melhor time da terra, mas muitos querem apenas melar o dedo em tudo que envolve este magnânimo evento, que é o maior do mundo, do universo, quiçá da galáxia, e envolve milhões de cifras em tudo; durante um mês, um único mês, que será revelado o melhor em quatro anos, aquele a quem a tão sonhada taça será levada, quando atletas em momentos de êxtase entrarão para história ao pegarem-na, levantarem-na e finalmente passarem a mão nela, mas ao mesmo tempo, num momento lúdico, passarão a mão como se brinca com o impossível, o irreal, com o objeto tão sonhado pelos milhões de moradores deste planeta: a cobiçada superioridade, para se transformarem em seres supremos. </div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Mas será que o símbolo foi desenhado pensando neles? Tenho minhas dúvidas. Criaram-na para representar um país onde ser esperto é como se fosse lei e tirar vantagem em cima de outra pessoa é quase uma instituída matéria escolar que será aprendida do maternal ao terceiro grau. A propina convive com todos aqueles que querem “passar a mão” e com aqueles que têm o poder de deixarem “passar a mão”.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;">Tá aí. Aqueles que têm o poder de deixarem “passar a mão” são responsáveis por essa imagem que temos no mundo. Até numa peça publicitária criada por profissionais de outro país para representar o meu país na copa do mundo de futebol que sediará, vem esse fantasma que atormenta a nação de que todos querem “passar a mão na taça”, até eu. Como faço, alguém me ajuda?</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-61925914345207994972010-06-04T20:43:00.000-07:002010-06-04T20:43:58.240-07:00Jabulani, com muito prazer<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TAnH8HWd_fI/AAAAAAAAAT4/4Hq7zn_l2b0/s1600/jabulani" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gu="true" src="http://1.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/TAnH8HWd_fI/AAAAAAAAAT4/4Hq7zn_l2b0/s320/jabulani" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;">Jabulani. No mundo da bola ela é a carne nova no pedaço, mas não tem sido nada celebrada pelos jogadores, sobretudo pelos brasileiros, apesar do nome significar "celebração", no idioma zulu. Na verdade, ela é a fibra em 11 gombos sem costura mais nova do pedaço, da África do Sul. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A bola da Copa, desenvolvida pela Adidas e que custa R$ 400 cada uma, é mais veloz, leve e mais arisca aos domínios futebolísticos dos nossos craques. "Essa bola é sobrenatural. A trajetória que ela faz é estranha, ela sai de você, parece que não gosta que alguém chute. Parece que tem alguém guiando, porque quando você vai chutar ou cabecear, ela muda a trajetória", avaliou o atacante Luís Fabiano. “A outra era igual a mulher de malandro, você chutava e ela ficava ali. Essa bola é igual a patricinha, não quer ser chutada", disse Felipe Melo, comparando a estreante às velhas conhecidas.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Jabulani parece que vai dá trabalho, não vai se render fácil aos encantos de pés milionários dos artistas da bola. Por enquanto, tem feito jogo duro, nada de abrir as guardas para seduções primárias ou cantadas infantis ou ultrapassadas. Se terá algo a revelar de bom ou de especial para agraciar os amantes da bola, tudo indica que vai deixar para o grande momento. Até lá, o bom e disciplinado cortejo trará as melhores chances e oportunidades. E então, será a bola, e simplesmente, bola da vez!</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-17973027970591307542010-05-27T20:20:00.000-07:002010-05-27T20:33:46.268-07:00Dois anos e 40 cigarros na boca<div style="text-align: justify;">Duas coisas impressionam na historia de <a href="http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/menino-de-2-anos-fuma-40-cigarros-por-dia-na-indonesia-diz-familia.html">Aidi</a>, um menino de apenas dois anos da Indonésia que fuma 40 cigarros por dia. Isso mesmo, uma criança que sequer controla suas necessidades fisiológicas já tem a capacidade mecânico-motora de sustentar um cigarro entre os dedos e "manipulá-lo" com os lábios a ponto de dar uma tragada. </div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">Um gesto banal e burro dos homens adultos vira emblema da magnífica inteligência corporal humana. Isso realmente impressiona. Mas vem em conjunto com a percepção de que tal habilidade e competência corporais são formatadas pelo exercício do hábito. Neste caso, a força do hábito, mesmo que tenha consequências nefastas, é legitimado pela letra da lei. O pai do garoto estimulou o vício quando a criança estava aos 18 meses e acha natural a prática, também não cometeu qualquer crime. Isso realmente impressiona e muito.</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;">A conclusão é uma só: vemos o espetacular potencial da inteligência corporal humana sendo desperdiçado pela inapetência de uma cognição absurda sob a influência de uma "cultura" estúpida, em princípio inexplicável, mas desde que ela tenha no hábito seu ponto de sustentação.</div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6172883173281216678.post-58407730722454269292010-05-21T12:06:00.000-07:002010-05-21T12:09:18.968-07:00Um viva aos meninos da Vila!<div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/S_bZijmB7yI/AAAAAAAAATw/bavoEO0lEA4/s1600/santos.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; cssfloat: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" gu="true" src="http://4.bp.blogspot.com/_fQ1VTuplUWo/S_bZijmB7yI/AAAAAAAAATw/bavoEO0lEA4/s320/santos.jpg" /></a>Três jogos foram suficientes para eu me tornar um santista de carteirinha. Eu que desde 1999 abri mão de torcer para o Flamengo e para qualquer outro time, traumatizado pelas exaustivas, esgotantes e irritantes discussões futebolísticas com meus colegas de escola. Pouco tempo depois, contaminado pelo exercício do pensamento lógico a que estamos submetidos nessa sociedade extremamente cartesiana, resolvi colocar a paixão pelo futebol a um patamar de perda de tempo estúpida. </div></div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none; text-align: justify;"></div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;">As concessões e exceções cabiam aos jogos da seleção brasileira, movidas pelo sentimento de nacionalismo. Mas agora perenizam-se por se renderem ao futebol-arte dos meninos da Vila. A lógica que me fez desconsiderar as trocas extremamente ricas entre torcedores e times de futebol só se admitiu derrotada quando a experimentação estética da beleza futebolística santista trouxe à tona, como um rompante, o lado emocional que define o ser humano e que o faz se apaixonar pelo inexplicável. Viva aos meninos da Vila, que têm ressuscitado a magia alegre do nosso futebol e inflado corações outrora murchos pela padronização da mediocriade e da operacionalidade reducionista dos jogadores modernos.</div><div style="border-bottom: medium none; border-left: medium none; border-right: medium none; border-top: medium none;"><br />
</div>É uma pena que a coerência lógica do treinador Dunga não tenha se curvado aos dribles, passes, gols, enfim às peripécias de Ganso, Neymar e André. Na seleção, Robinho terá que comandar o espetáculo sem seus parceiros acrobatas da bola. </div><div class="blogger-post-footer">Nota Livre informa e é informada</div>George Britohttp://www.blogger.com/profile/01485404451668740574noreply@blogger.com0