A causa ambiental é seríssima. Na verdade, é o grande engajamento político do século XXI, sobretudo para a juventude. O jovem que não está na onda verde é como, se comparado aos anos de chumbo da ditadura, estivesse alheio aos movimentos de esquerda, sem ter intimidadade com Marx, Hegel, e por aí vai.
Mas a obssessão pela conscientização das pessoas, delas terem o dever de zelar pelo meio-ambiente, às vezes de tão séria se torna tragicômica. Semana passada, a ong SOS Mata Atlântica divulgou uma campanha, com repercussão na mídia nacional, incentivando as pessoas a fazerem xixi quando debaixo do chuveiro.
Na verdade, eu achei ótimo e já votei (clique em campanha para votar) comunicando que sou mais um daqueles conscientes cidadãos que dão uma velha mijada no banho - os que mijam são 75% dos votantes por enquanto, os que não são 25%. Achei interessante a campanha porque deve ter sido, assim como o foi para mim, a milhares de pessoas, um grande incentivo para elas se livrarem de uma repressão infantil histórica. Cansei de ouvir, quando criança, minha mãe dizer: "o boxe está fedendo a mijo, quem foi que fez xixi no banheiro?". Ai de quem se declarasse réu confesso, o coro comia.
Fico aqui pensando... Minha mãe, muito menos eu, nunca imaginou que aquela mijada estava ecomizando 12 litros de água por dia, que seriam desperdiçadas pela latrina ao simples toque da descarga, gesto que a boa educação materna sempre encorajou a prática. Desde que li a campanha, dei várias mijadas durante o banho.
Isso é quase um milagre! É a primeira vez na história que o politicamente correto parece divertido e dá asas à perversão. Mas cá para nós. Não seria melhor fazer campanha a favor do controle de vazão da água a cada descarga dada, através de válvulas dispersoras de vazão, como já existe em alguns países?
Imagine se a cada vez que o sujeito tiver vontade de fazer um xixizinho, ele tiver que tomar um banho... Brincadeira! Mas que vai gerar paranóia, isso vai. Eu agora fico me pergutando se realmente dou descarga depois de fazer xixi, ou se vou em casa tomar um banho para largar a velha mijada e provar mais uma vez da delícia da subversão fisiológica em mim reprimida desde a infância!
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