segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Olímpiadas 2016: uma oportunidade

Depois do anúncio do Rio de Janeiro como a escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para sediar as Olímpiadas de 2016, um festival de loas ufanistas e patrióticas e uma saraivada de ponderações com tons céticos, sim, mas um tanto pessimistas, tomaram os meios de comunicação de massa Brasil afora.

Entre aqueles mais "pés no chão", digamos, predominaram as lembranças de uma cidade tomada pela criminalidade (organizada ou desorganizada) nos morros favelados; dos megaempreendimentos hoje elefantes brancos do legado panamericano; ou ainda dos superralos de onde os grandes investimentos, algo em torno de US$ 11 bilhões, podem escoar para bolsos sabe lá de quem, desde empreiteiras, lobistas a políticos.

Do outro lado, os patriotas tupiniquins encantados com as possibilidades de desenvolvimento que um evento olímpico pode proporcionar para a cidade e ao País, seja desde a despoluição das águas da Baía de Guanabara até o incremento econômico - uma grande leva de turistas chegando ao Rio e outras cidades-pólo do Brasil, e a circulação de dinheiro (segundo economistas, cada real investido pode gera cinco vezes mais de riquezas).

Vai do bom senso, sobretudo para críticas desta natureza, fazer observações mais ponderadas. Por um prisma, o patriótico, não se pode esquecer, e não acredito que seja o caso, dos enormes desafios que a estruturação para uma Olimpíada exige. Claro que, mediante o volume de dinheiro em jogo, a realização dos jogos deve se converter em desenvolvimento social de uma longevidade razoável, escapando-se do desperdício do erário público, da locupletação pólítica, e do desvio de verbas. Pela visão pessimista, é descabido pensar que os problemas de violência e desigualdade social do País inviabilizem a Olimpíada.

O fato de sermos a 10ª economia do mundo e o 75º em desenvolvimento humano (IDH) só reforça a ideia de que realizações de grande monta econômica devem ser transformados em benefícios sociais à população, mas de modo algum evitados, sob o argumento prévio de que serão mal explorados, devido a interesses particulares da minoria. Seria o mesmo que dizer que devemos parar de crescer, porque as "fatias do bolo" nunca são igualmente distribuídas. Tal pensamento é provinciano e encobre, sob pretexto de uma precaução pseudocrítica, as possibilidades que um evento de tamanha dimensão pode trazer para o País.

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