sábado, 10 de abril de 2010

Reféns da chuva

Fonte: Ingrid Dragone (maio de 2009)

Nenhuma cidade suporta - sem estragos, problemas e transtornos para a população - uma chuva forte e concentrada que atingiu o Rio de Janeiro nessa semana. Em um dia caiu 260 mm de chuva, quando estava previsto pelos centros de metereologia cerca de 70 mm. A grande questão, na verdade, é evitar mortes. E isso significa relocar a população moradora das áreas de risco e evitar novas ocupações indevidas, além de uma política de esgotamento e escoamento de água que amenize os alagamentos. 

Aqui, na nossa soterópolis, a prefeitura programou ano passado, logo após o período de chuvas fortes, em maio, quando houve sete mortes, uma série de obras de contenção de encostas. Foram previstas 52 intervenções, 32 foram concluídas. Outras 18 que estavam em andamento nos primeiros meses deste ano, foram interrompidas porque a empresa contratada para executar as obras alegou falta de recursos para dá prosseguimento ao empreendimento. 

Engraçado que a capital baiana recebeu o maior volume de recursos do programa de Apoio a Obras Preventivas de Desastres, do Ministério da Integração Nacional. Em 2009, recebeu R$ 40 milhões dos R$ 190,5 milhões destinados a prefeituras baianas. Lembremos que no mesmo ano, 51,3% da verba destinada à prevenção de desastres pelo ministério no País ficou com a Bahia, segundo constatou auditoria do Tribunal de Contas da União.  

A pergunta que pesa aos soteropolitanos é: como faltaram recursos para a empresa Nova Fucs então? O silêncio por enquanto na imprensa e das autoridades faz lembrar como os resultados podem ser positivos caso se invista o dinheiro em tecnologia preventiva. Caso dos Estados Unidos, onde é em Nova York, uma sala, espécie de "cérebro" da cidade, recebe informações via satélite com antecedência de até cinco dias sobre as mudanças climáticas.

No Brasil, os metereologistas chegam a ficar com "buracos" de informações climáticas de até três horas. Isso porque não contamos com satélite próprio. Usamos o dos americanos, que deixa de fazer a varredura no nosso território quando sobrecarregado. Além disso, o País tem carência de antenas receptoras dos sinais do satélite. Hoje são 20, quando deveriam ser uma centena, segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudo Climáticos (Cptec).


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