segunda-feira, 7 de junho de 2010

A Taça é nossa, é?

O produtor artistico e estudante de Direito, Márcio Costa, refletiu sobre o logo da Copa do Mundo de 2014, no Brasil, e escreveu o artigo abaixo:

A Fifa divulgou o símbolo da próxima Copa do Mundo que será sediada aqui no Brasil. Uma peça publicitária interessante: a taça com várias mãos nela. Veio-me à cabeça logo a sensação de perseguição, de menosprezo, a tão falada síndrome do patinho feio, ou ainda melhor a síndrome do "só por que sou pobre doutor"?

Porque até numa peça publicitária de um símbolo que representará nosso País num mundial, tenho a sensação de que estão dizendo que querem roubar, furtar, afanar, dar um jeitinho, se beneficiar. Todos  querem colocar a mão, nem que seja o dedo, na taça. Mas pode ser uma figura de linguagem esse “colocar a mão na taça”. Digamos que os governos estaduais já começaram a colocar “a mão na taça”, estão só na espreita aguardando o prazo de inicio das obras ficarem no limite ou passar deles e começar a correr com obras de urgência. E o que vem daí? Prestações de contas frouxas e aumento no valor das obras para poderem ser entregues no prazo exigido.

Todos querem colocar a mão na Taça. As seleções literalmente querem ganhá-la pelo mérito em campo de ser o melhor time da terra, mas muitos querem apenas melar o dedo em tudo que envolve este magnânimo evento, que é o maior do mundo, do universo, quiçá da galáxia, e envolve milhões de cifras em tudo; durante um mês, um único mês, que será revelado o melhor em quatro anos, aquele a quem a tão sonhada taça será levada, quando atletas em momentos de êxtase entrarão para história ao pegarem-na, levantarem-na e finalmente passarem a mão nela,  mas ao mesmo tempo, num momento lúdico, passarão a mão como se brinca com o impossível, o irreal, com o objeto tão sonhado pelos milhões de moradores deste planeta: a cobiçada superioridade, para se transformarem em seres supremos.

Mas será que o símbolo foi desenhado pensando neles? Tenho minhas dúvidas. Criaram-na para representar um país onde ser esperto é como se fosse lei e tirar vantagem em cima de outra pessoa é quase uma instituída matéria escolar que será aprendida do maternal ao terceiro grau. A propina convive com todos aqueles que querem “passar a mão” e com aqueles que têm o poder de deixarem “passar a mão”.

Tá aí. Aqueles que têm o poder de deixarem “passar a mão” são responsáveis por essa imagem que temos no mundo. Até numa peça publicitária criada por profissionais de outro país para representar o meu país na copa do mundo de futebol que sediará, vem esse fantasma que atormenta a nação de que todos querem “passar a mão na taça”, até eu. Como faço, alguém me ajuda?

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