segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Marina oferece uma nova política para o Brasil

Marina destoa de tudo velho, para anunciar boas novas e trazer sangue renovado às veias viciadas e desgastadas da política brasileira. Seus quase 20 milhões de votos são uma expressão inequívoca de um novo anseio político vicejando nas entranhas da sociedade brasileira. Não é apenas mero fruto de um casuísmo político das atuais eleições, impulsionado por denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, de posicionamentos polêmicos acerca do aborto atribuídos à candidata Dilma Roussef, nem de uma consequente adesão do público religioso à candidatura do PV, devido à religiosidade de Marina.  

É muito mais. Caso contrário, não seria ela a "roubar" os votos do PT, mas Serra. Caso contrário, cientistas políticos e jornalistas analíticos não estariam, por assim dizer, aconselhando petistas e tucanos a adotarem o programa e discurso ecosustentáveis em suas campanhas neste segundo turno. 

A minha empolgação sobre Marina tem razão de ser. Ela, felizmente, plantou um sentimento forte de que o Brasil pode voltar a ser um País altamente politizado, sobretudo sua juventude, e reverter um processo de despolitização ou burocratização do discurso político, recentemente limitado às burras arestas tecnocratas, gestacionais e administrativas. Ela deixou claro que é possível outra onda de mudança e projeto políticos, assim como fez Lula de 1989 até o ano que foi eleito em 2002. Marina teve grande votação na classe C - a nova classe média - e entre os universitários.

Não seria exagero declará-la a "Lula de saias", ainda que Marina, por sua trajetória própria e personalidade forte, não careça de bases referenciais. Seu chão é sua história e a crença em um modelo atual de desenvolvimento sustentável. Sobre ela, não se pode apregoar radicalismos, como sempre tentaram anexar a Lula, tachado muitas vezes de "comunista". 

Serena, altiva, elegante, com o desenho do povo brasileiro em seus traços fortes de gente aguerrida do Norte,  Marina sinaliza um cenário promissor na política brasileira. Pinta como o grande quadro político do Brasil do século XXI. Lembrem que Lula, em 1989, com todo seu capital político associado à luta dos trabalhadores, teve 16 milhões de votos, três milhões a menos que Marina agora. 

É hora de alçar novos voos. Estamos há 16 anos sob o governo do PSDB e do PT. O Brasil precisa de uma terceira via. Marina nos espera em 2014. Torço por isso. "Estamos em primeiro lugar no turno de uma nova política que se inaugura no Brasil”, afirmou ontem Marina Silva.

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