A polícia baiana está mais presente nas ruas, isso é fato. Desde 31 de julho, os soldados percorrem os bairros mais violentos de Salvador para evitar homicídios e combater o tráfico de drogas. Sob a rubrica Operação Nazireu - a polícia adora dar nomes enigmáticos as suas ações especiais - tropas especializadas vindas do interior reduziram nas últimas semanas em 50% o número de assassinatos na capital. A euforia, no entanto, durou pouco. Nos últimos quatro dias, foram registrados oito homicídios por três vezes consecutivas, sempre dentro do período de 24 horas.
Não se pode negar que a presença policial é fundamental para se manter a ordem. Mas o fenômeno acima descrito mostra a ineficácia de se instaurar na cidade um "Estado de Polícia" agigantado, o Leviatã com farda e armas. Anos vão durar para que se rompa uma cultura de medo incorporada dentro das comunidades carentes no mesmo ritmo que se prolongue o início da reconstrução e restauração de um tecido social saudável. As duas coisas estão umbilicalmente ligadas. Quem tem medo de polícia é o mesmo que teme o criminoso. Outro dia, ouvia do capitão Rodrigues de sua perplexidade ao testemunhar uma criança dizer: "polícia aqui, não"!
É uma evidência da guerra civil velada que assola Salvador nas suas reentrâncias. As bases já estão contaminadas. A reversão não se dará sem um processo árduo e violento, o sangue de muita gente inocente deverá correr. Urge o encaminhamento de um Estado solidário, que reestabeleça novas texturas sociais. Do contrário, o sistema perverso de geração de violência se perpetuará ad infinitum, enquanto o Leviatã policial tenta conter seus fantasmas.
Um comentário:
É muito difícil constatar que estamos vivendo esta realidade instável. De um lado a violência e a insegurança, de outro, policiais que não honram a própria farda. Não sabemos mais em quem confiar...
Mudando de assunto: Parabéns!!! Tudo de bom e que Papai do Céu te dê tudo o q vc deseja e merece. Bjs.
Vanessa.
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