terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A "ditadura" da grande imprensa

Vi com desconfiança as sequentes reações de instituições da grande imprensa brasileira condenando o III Programa Nacional de Direitos Humanos, acusando-o de ameaça à liberdade de imprensa e de informação, de brecha oficial para um Estado ditatorial. Desconfiei porque toda vez que se fala em qualquer dispositivo legal de controle da informação, o conglomerado nacional de informação jornalística ladra em alto e bom som, valendo-se da pretensa defesa à democracia e à liberdade de expressão.

Depois de ler o Programa, especialmente o trecho, Diretriz 22, referente ao direito à comunicação democrática e ao acesso à informação, tive certeza de que os alaridos da grande mídia tupiniquim foram exagerados, ideológicos e corporativos.  Não vou esmiuçar argumentos para apontar as intempéries desnecessárias e equivocadas da imprensa sobre a natureza do Programa, porque o jornalista Venício Lima já o fez com competência no Observatório da Imprensa, no sugestivo texto "A mídia contra a Constituição". Vale pontuar que a Diretriz é essencialmente fundamentada em preceitos legais e constitucionais, portanto léguas distantes de qualquer atentado ao Estado de Direito constituído pela Carta Magna cidadã.

O problema é que a grande imprensa brasileira, avessa a críticas, não quer saber da palavra "controle" - como se ela fosse um sinônimo perfeito de ditadura - mas só quando ela está potencialmente submetido a ele. A mídia, que se autodeclara guardiã exclusiva da democracia, não se permite ser fiscalizada, controlada, punida, como se esquecesse que o Estado de Direitos também é o de Deveres. Não se dá conta que ela mesma estimula, deste modo, ditames autoritáros, pois no regime que a imprensa pode tudo, estamos diante de uma ditadura informativa, a pior de todas as ameaças contra a democracia.

Nenhum comentário: