segunda-feira, 15 de março de 2010

Sob a tônica da violência

O cartunista Glauco é assassinado no Rio Grande do Sul. Estudante de enfermagem morre ao cair de ônibus em Salvador. Adolescente baiano é barrado na Espanha. Mulher é morta a pauladas em Arempebe, no litoral norte. 

Depois de passar três dias num retiro natural como Morro de São Paulo, é duro e assustador voltar à esquizofrenia do nosso mundo, onde a violência, já banalizada, porque intrínseca ao funcionamento da sociedade moderna, dita sobre o que devemos colocar nossos olhos e depositar nossa atenção, mesmo que para retroalimentar um sistema vicioso, viciado e cíclico.

Enquanto isso, iludimo-nos ou nos deixamos iludir que as complexidades do desenvolvimento das instituições, políticas, sociais e sobretudo tecnológicas, é capaz e suficiente para organizar as coisas em tal medida e a tal ponto que possamos, um dia, nos livrar das mazelas que esse processo nos põe à frente. O exemplo mais gritante é a crença que o gigantismo do aparato repressivo consiga reverter os intintos e impulsos hostis rebelados.

Vejo o governo baiano anunciar orgulhoso a convocação e treinamento de 3,2 mil policiais militares e a aquisição de mais mil novas viaturas. Precisamos, na verdade, de menos pessoas que careçam de fiscalização das autoridades e não de mais fiscalizadores. Mas, diante da tragédia que nos cerca diariamente, o que fazer se não declarar guerra?

Eu gostaria mesmo é correr de volta a Morro, ou a outra reserva de mundo qualquer, onde o desenrolar da vida seja mais simples e mais saboroso, e, onde a liberdade reina com tons de paz.

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