Economia é no mínimo curiosa. A duras penas, nos últimos anos, o Brasil vem mesmo que precariamente se preparando para desenvolver-se. Vieram medidas de ajuste fiscal, monetário e cambial, agências reguladoras, estabilidade da moeda e por aí vai. O somado de muitas controvérsias por anos a fio desembocou no atual momento de índices mais sólidos de crescimento, com expansão do PIB - de 5% em 2007 - que há muito não se via.
Mas quando tudo levava a crer no tal desenvolvimento sustentado - que espero ainda um dia entender - "pressões inflacionárias" colocam o ritmo de aceleramento da economia em risco. O Banco Central cumpre seu papel e toma a medida paliativa: aumentem-se os juros básicos e segure-se a inflação. Isso porque os ventos econômicos até então favoráveis fizeram com que a demanda interna crescesse em descompasso com a capacidade de produção, avaliam especialistas. É aquela velha coisa, se a demanda é maior que a oferta, os preços sobem.
Ora, se o mercado requer aumento de produtividade para se auto-sustentar como resolver o problema desestimulando, por meio de juros mais altos, o poder de investimentos do setor produtivo? Segurar a inflação seria um passo atrás para um passo à frente, já que evitaria-se a redução do poder de compra do mercado interno, garantindo assim a saída das mercadorias? Questões angustiantes estas.
Como o é relembrar a teoria malthusiana de que enquanto a população cresce numa escala exponencial, a produção de alimentos vai a reboque numa proporção aritmética. É mesmo curiosa a economia. O desenvolvimento, o progresso, aquela palavrinha de ordem lá da bandeira nacional - o que não nega nosso legado positivista - é inexorável, não pode parar. A busca por novos mercados mobiliza os empresários, gira os motores econômicos e é ponto de vista certeiro de que grandes conglomerados apostam nas classes pobres como saída de uma provável estagnação de mercados.
Engraçado, pelo que dizem ambientalistas e críticos do capitalismo selvagem, se o mundo chegar próximo aos padrões de consumo dos EUA (o maior mercado mundial), a economia planetária entra em colapso. E mais engraçado é que o Brasil parece entender bem essa perspectiva. Do contrário, já estaria apostando em ampliar a infra-estrutura, em aumentar a capacidade instalada das indústrias, etc, para fazer a economia fazer frente aos seus consumidores.
Disso tudo, como não sou especialista, jogo ao vento uma última questão: é preciso crescer ou parar de crescer?
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