As bases econômicas que levaram o mundo a um vigor de livre mercado estão em xeque. Lançadas lá trás na história como premissas para um progresso inevitável, dão agora sinais de desgaste. É o que fazem crer as notícias recentes.
O maior mercado do mundo colocou a língua pra fora. Os EUA estão em recessão. Os efeitos da crise imobiliária não indicam breve arrefecimento, apesar do otimismo depois da Casa Branca ter tomado medidas de estímulo ao crédito. O desemprego pela terra do Tio Sun aumentou e o poder de compra dos americanos diminuiu. A grande economia da Terra parou de crescer, as novas projeções apontam para expansões do PIB abaixo de 2% nos próximos anos.
As fontes de energia também surgem curiosamente como entrave. Por um lado, o preço do petróleo atinge números extratosféricos, numa sequência de recordes históricos. A Agência Internacional de Energia (AIE) já mostra preocupação com uma recessão econômica global provocada pela escassez de petróleo. De outro lado, as ações políticas voltadas para fontes de energia alternativas - entre as quais o biocombustível tem destaque - enfrentam sérias dificuldades.
Organismos internacionais importantes, como Bird, Banco Mundial e ONU, alertaram ao mundo sobre o risco que o uso dos biocombustíveis pode trazer, agravando a fome pelos países mais pobres. Já chegam a falar de mais 100 milhões de pessoas sem o que comer pelo mundo. Em paralelo a tal questão, a economia mundial já passa por um forte movimento de alta dos preços dos alimentos. A demanda cresce e a produção nã dá conta do recado.
São indícios de que estamos num processo de transição. Deverão estar na agenda geopolítica: quebra do protecionismo dos países desenvolvidos, cooperação tecnológica para explorar fontes energéticas mais viáveis , transferência de tecnologia e know how aos países subdesenvolvidos, incentivo à produção de transgênicos, entre outras coisas.
Porque, apesar da pseudoglobalização ainda pintar o mundo com fortes cores imperiais, o mercado, inteligente, deverá notar, como o vem fazendo, que sua expansão saudável depende de novos mercados consumidores e eles estão potenciamente instaladados nas regiões pobres. Seria burrice deixá-los à margem do desenvolvimento, quanto mais deixá-los morrer de fome.
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