segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Aquecimento Global 3

Sem acordos concretos depois de uma semana de discussões em Copenhague, na Dinamarca, e ainda sem resultados das investigações da ONU sobre o "Climagate",  o mundo tem uma certeza, já clara e evidente, antes mesmo de os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), criado em 1988, alertar as autoridades sobre os riscos ambientais de um sistema de produção desequilibrado, ou como em voga dizer, insustentável, calcado na revolução industrial e suas hoje 390 partes por milhão (ppm) de dióxido de carbono lançadas na atmosfera.

Confesso que estou ainda mais inclinado à dúvida do que à certeza sobre o aquecimento global ser uma tendência irreversível, ou mesmo se ele de fato tem causas antropogênicas. A dúvida ampara-se - diante da possibilidade para alguns cientistas de a Terra estar a caminho de uma nova era glacial - mais num questionamento existencial e filosófico do que em um refutamento baseado em fatos, já que a gama de informações sobre as mudanças climáticas disponíveis em larga escala seguem o caminho, que julgo de honrosas motivações, a despeito de qualquer interesses escusos possíveis, da ratificação irrefutável do fenômeno em questão.

Em breve passeio na blogosfera hoje, li, inclusive, uma discussão de leitores do blog Laboratório, de jornalistas da editoria de Ciência da Folha de São Paulo, na qual os internautas, indignados, questionavam por que revistas de publicação e divulgação científica, como a Nature, estavam barrando os artigos de cientistas que contestam a tese do IPPC e defendem o aquecimento como um fenômeno natural. Para os jornalistas do blog, as revistas refutam os artigos porque eles não se valem de dados científicos bem embasados.

Diante da celeuma, também um mundo de incógnitas. E se os cientistas contrários à tese do aquecimento global estiverem certos e a Terra por ventura entrar em uma pequena era glacial? Estaremos, os humanos, em frente ao colapso de todas nossas crenças e teorias, do Criacionismo à Gaia, de James Loverloock. Quer dizer, restará cair em si de que não somos tão especiais, seres da luz da racionalidade, capazes de dominarmos a natureza; de não estamos no comando, mas alheios e vulneráveis a uma força maior e indomável. Do outro lado, por que acreditarmos em alguns cientistas, contrários à maioria esmagadora, cujas teorias podem ser utilizadas pelos senhores do capitalismo para reforçar um modelo de produção injusto e cruel que coloca na linha de pobreza bilhões de seres humanos em favor de confortos e idiossincrasias injustificáveis num entendimento coletivo?

Em meio a tantas questões, é hora, creio, de apegar-se ao que temos certeza. Precisamos de um novo modelo de produção, mais justo, que supra as necessidades vitais e sociais de toda humanidade por gerações e gerações, e isso não é possível sem que criemos uma produtividade duradoura e harmônica com a natureza, preservando as fontes de energia. Mesmo que um dia nossa espécie seja extinta pelos revesses da Natureza, da qual somos mais um exemplar. 

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