É muito comum, e nem por isso errado, de que os líderes de um povo refletem o grau de discernimento político de uma sociedade. Quem nos governa e nos representa estão legitimados pelo escrutínio da população. Muito tudo correto, mas às vezes frustrante ou até mesmo desolador. Veja só que imagem a sociedade soteropolitana constrói a tomar como base sua Câmara Municipal de Vereadores.
É uma das menos transparentes do Brasil. Ainda não disponibiliza em detalhes os gastos dos vereadores, sobretudo quanto às suspeitas verbas indenizatórias. Ano passado, promoveu a precipitada aprovação do PDDU, de forma tão açodada que agora o plano diretor é alvo de uma fundamentada ação civil pública, impetrada pelo advogado Celso Ricardo de Oliveira. As emendas parlamentares aderidas em última hora ao texto original simplesmente desrespeitam legislações estadual e federal, sobretudo relacionadas à proteção ambiental da Mata Atlântica. É que querem desenvoler o potencial imobiliário da Av. Paralela.
Foi isso, inclusive, que argumentou o desastrado e patético vereador, em terceiro mandato, Pedro Souza dos Santos, conhecido como Pedrinho Pepê - canditado baiano tem essa mania de apelidar-se para quebrar formalidades tal qual se faz no mundo do crime, embora as comparações não sejam imediatas, longe disso. Mas em entrevista à repórter Katherine Funke, do jornal A Tarde, Pepezinho afirmou que chegou a conversar com dois amigos ambientalistas para caminhar emenda ao PDDU que, na prática, reduz a área de proteção ambiental da Mata Atlântica. Agora, sua emenda, aprovada pela Câmara em dezembro último, é alvo da ação, por ferir a Lei do Bioma da Mata Atlântica.
Segundo a repórter, Pepezinho disse: "admito que quis dar um avanço na cidade, mas como a lei federal me cassa, o Legislativo municipal tem que se render". Assumiu o erro e o engano de achar que "na supressão (da Mata), a Av. Paralela levasse vantagem". Simples e direto, Pedro Souza dos Santos ilustra bem a quantas anda a representatividade do povo soteropolitano.
Este blogueiro lembra bem quando participou ano passado de uma das audiências públicas sobre o PDDU. A desordem era total, uma dificuldade tamanha apenas para encontrar a lista de presença da sessão. A Câmara parecia mais a "casa da mãe Joana", com todas as conotações que carrega tal expressão. É de se perguntar o quanto a população de Salvador coaduna com a bagunça e até que ponto seus cidadãos estão interessados com as políticas de diretrizes da capital. Um povo festivo e hospitaleiro, mas de poder intelectual baixo, já disse o antropólogo Milton Moura.
Em tempo, a foto aí em cima é de Pepezinho, para o eleitor não se esquecer dele no processo eleitoral. E aqui vai como o vereador se apresenta no site da Câmara: "Sou Vereador começando o 3° mandato com 12.145 votos com relevantes serviços prestados às comunidades de Salvador, com Projetos e Indicações que beneficiam vários segmentos além de atender diretamente os eleitores".
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