Como estou a ler "Império Americano - Hegemonia ou Sobrevivência", de Noam Chomsky, as notícias recentes de um acirramento das relações intraamérica e entre yanques e chineses a mim soam como reverberação do fundamento que guia o pensamento chomskiano naquele livro.
Resumidamente, o professor de Linguística e Filosofia da Massachusetts Institute of Technology (MIT), mostra como sistematicamente, ao longo da história pós segunda guerra mundial, o império yanque centrou esforços, evidentes nas políticas de Segurança Nacional e em posições tomadas na ONU, para expandir seus domínios econômico e cultural, valendo-se de um falso discurso da democracia, sempre usado pelos governos dos EUA para legitimar "intervenções humanitárias" em áreas em intensos conflitos, não obstante suscitados pela prória Casa Branca, por meio de financiamento de armas. Exemplos do Timor Leste, Kosovo, Afeganistão, Iraque, entre outros.
Agora, na américa latina, um ataque do exército colombiano dentro do território equatoriano, que matou dezessete "guerrilheiros", ou melhor, criminosos das Farc, entre eles Raul Reyes (o segundo homem mais importante da facção), resultou em quebra da diplomacia entre os dois países, e de quebra abriu uma brecha para Hugo Chávez abusar da situação e posar de líder revolucionário.
Nesta história, é bom frisar que a Colômbia, governado pelo advogado Álvaro Uribe, é uma forte aliada dos EUA, inclusive, tendo recebido ajuda yanque no combate às guerrilhas e aos grupos paramilitares que assolam o país há décadas. Por outro lado, o Equador, de Rafael Correa, segue próximo à Venezuela de Chávez, este acusado de manter relações estreitas com as Farc, até mesmo de financiar a facção em mais de US$ 300 milhões. O mais curioso disso tudo é que tal ataque ocorre no momento em que negociações para soltar reféns das Farc avançavam e Raul Reyes, como informou o governo francês, era peça-chave nestes acordos, sobretudo, em relação à franco-colombiana Ingrid Bittencourt. Evidente, que com o episódio, os avanços podem ter retrocedido à estaca zero.
Não seria demais pensar, à luz de Chomsky, que os Estados Unidos estejam pensando em "intervenções humanitárias" por aqui nas regiões de seus irmãos latinos, sempre em defesa da democracia, esta supostamente ameaçada com o acirramento das ações das Farc, e com altas tensões políticas entre os visinhos, um deles rico em petrodólares.
Saindo do imbróglio latinoamericano, os Estados Unidos anda acusando a China de investir militarmente para desestabilizar suas tecnologias espaciais e de outros países. O grande asiático anunciou que com sua "defesa militar" irá gastar em 2008 mais 38 milhões de euros, cerca de R$ 96 milhões, gasto 17,8% maior que do ano passado.
Como se pode ver, o mundo democrático globalizado ainda não se livrou de ameaças de guerra que rondam os interesses soberanos das nações poderosas, em nome da hegemonia econômica. Por aqui, especialistas dignosticaram como pouco provável uma guerra entre Equador, Venezuela e Colômbia. Pergunto-me: a que e a quem serviu todo esse jogo de cena ?
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