segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Pré-Carnaval II: Foliões arcam com ingresso e doação no Ensaio Geral



Folião do Ensaio Geral se surpreende com doação compulsória de um quilo de alimento (ou pagamento da taxa de R$ 2) para retirada da camisa que deu acesso à festa realizada em Praia do Forte, no último sábado, 26. O estudante de Administração Milnei Dias escreveu ao "Nota Livre" registrando sua indignação.


Doação: questão de escolha?


Na última sexta-feira, 25, deparei-me com uma situação no mínimo curiosa. Estava na Central do Carnaval com meu ingresso do show do Chiclete na mão em busca de pegar a camisa que dá acesso à festa, quando fui abordado por um dos colaboradores da referida empresa:

- O senhor trouxe a doação?
Respondi negativamente.

- O senhor pode comprar o “vale” naquele balcão.
Fui informado.

Chegando lá, a simpática mocinha disse-me que o vale custava R$ 2,00 e que sem este eu não poderia pegar a camisa da festa que estava sendo vendida pela bagatela de R$ 150,00. Olhei para o lado e vi o cartaz do “Carnaval solidário”. Quero enfatizar aqui que nada tenho contra qualquer campanha solidária, mas o que me surpreende é a obrigatoriedade da doação. Juro nunca ter visto em minha vida algo parecido. “O senhor está obrigado a nos fazer uma doação”, pensei cá com meus botões.

A quantia pequena também não me chateou, mas, vender um ingresso de show que diferentemente da doação custava muito caro e ainda obrigar o comprador a fazer a doação, acho um desaforo. Como se não bastasse a quantidade de dinheiro que a Central do Carnaval ganha, ela com as “doações” ainda posa de bacana para a imprensa e governo às custas de nós, pobres (mas nem tanto) foliões. Por que a digníssima empresa não faz suas próprias doações? Como diz o velho, ríspido e pornográfico ditado: “Tá querendo gozar com o p... dos outros”.

Adendo do Nota Livre: a condição da doação para retirar a camisa constava do ingresso, avisando previamente ao consumidor da taxa de R$ 2,00 ou do quilo de alimento. O signatário deste blog compartilha da indignação do sr. Milnei Dias por achar que as campanhas de doação devem atuar para estimular a solidariedade, mas, de forma alguma, podem coagir qualquer cidadão a realizar uma doação. Em tempo, o verbo doar significa ceder gratuitamente, conforme verbete do diciónário da língua portuguesa. O que a Central do Carnaval fez foi cobrar a doação, o que a desconfigura como tal.

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