sábado, 12 de janeiro de 2008

Varela: a popularidade é ferramenta política incerta


O apresentador Raimundo Varela, que tem candidatura certa às eleições municipais de 2008 pelo PRB, pode ter dado um tiro no pé, com a denúncia, até agora sem provas, de que os 41 vereadores da Câmara Municipal de Salvador receberam cada um R$ 300 mil do governo João Henrique para aprovar o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) 2007.

Em um primeiro momento, no seu programa Balanço Geral exibido pela TV Itapoan (Record), Varela afirmou enfático que a propina teria rolado solta e em espécie. Num segundo lance, já após a indignação geral que tomou a Câmara, onde o vereador Alfredo Mangueira (PMDB) foi incisivo contra as acusações do apresentador, o também radialista tentou um passo para trás estratégico. Tentou associar o suborno de R$ 300 mil, que teria sido capitaneado pela secretária do Planejamento, Kátia Carmelo, à liberação de verbas para obras. Ou seja, acabou reafirmando que o vereadores foram comprados, só que agora dentro dos meandros políticos.

Não deu certo. O PSB resolveu recolher assinaturas para instalar uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) com intuito de destrinchar as negociações em torno da aprovação do PDDU. Já a secretária Kátia Carmelo resolveu interpelar o apresentador e vai entrar na Justiça. Por sua vez, a Mesa Diretora da Câmara iniciou os procedimentos, por meio de sua assessoria jurídica, para obrigar Varela a provar suas acusações.

Na última semana, Raimundo Varela movimentou os bastidores políticos. Recebeu nos estúdios do seu programa o também apresentador Zé Eduardo, o Bocão, que assinou contrato com a Record, depois de deixar a TV Aratu (SBT) sob especulações e comentários nada honrosos - o jornalista supostamente extorquia empresários para não achincalhá-los no seu programa "Se Liga Bocão", foram as suspeitas não comprovadas. Varela mostrou profundo interesse em ter seu pupilo Zé como candidato a vice-prefeito na sua chapa.

Diante das ações de Varela, pode se perceber que o apresentador aposta tudo na popularidade conquistada na TV para alcançar o cargo mais alto do Palácio Tomé de Souza. As últimas pesquisas o colocaram na frente da corrida eleitoral, com base nas intenções de voto. Neste viés, Zé Eduardo seria um forte aliado. Mas os parênteses existem e Varela parece esquecer deles. Primeiro, ainda não se sabe se os boatos em torno de Bocão vão surtir efeitos negativos à imagem do jornalista. Segundo, as acusações até agora infundadas de Varela criam um abismo entre sua candidatura e o poder legislativo municipal, quando nesta casa estão puxadores de votos importantes para qualquer candidato à prefeitura de Salvador.

Por último, só para lembrar, um apresentador popular já esteve à frente da cidade soteropolitana, o inesquecível Fernando José, que matava o pau e mostrava a cobra, e depois encolheu a verve em casos de corrupção na sua administração. Em tempo, anda circulando por aí que Raimundo Varela tem semelhanças com Zé Eduardo que vão além de um programa televisivo popular. Por enquanto é o que se pode dizer, para não correr o risco de cometer barbaridades tais a do nosso famoso apresentador-candidato.

Leia aqui a nota de repúdio da Mesa Diretora da Câmara

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