No bairro, onde a briga já foi pelo nome do local, população convive com clima de tensão: polícia vai atrás de bandidos em procedimentos “hollywoodianos” constantes
Final de tarde numa segunda-feira (07) ensolarada no bairro de Tancredo Neves. Pedestres, vendedores, carros e ônibus transitavam com tranqüilidade e a vida cotidiana do bairro seguia. Aproximadamente 17h, mais de dez motocicletas do Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra) saem barulhentas rumo ao final de linha.
Pelas ruas, viaturas não identificadas contornavam apressadas os quarteirões. Policiais civis armados se encontravam a postos nas esquinas, observando o movimento. E no céu, um helicóptero rondava a região, fazendo círculos por quase uma hora, o que chamou a atenção e curiosidade da população.
Antes de dá partida na sua moto, um dos policiais diz a reportagem: “não aconteceu nada, é apenas procedimento normal”. A Centel, órgão de inteligência das polícias baianas, também não concedeu informações detalhadas. Apenas que nada poderia ser informado, porque “a operação é sigilosa”.
Pelo bairro, os moradores já se mostram acostumados a este tipo de procedimento policial. Enquanto olhava atento ao movimento do helicóptero em meio a mais de dez vizinhos, Francisco (nome fictício – o morador não se deixou identificar) dizia com um sorriso, misto de sem graça com irônico: “Aqui morrem dois hoje e logo depois já estão mais dois amarrados para amanhã”. E só, nada de depoimentos. A lei do silêncio parece fazer parte da vida dos moradores do antigo Beiru (hoje o nome oficial é Tancredo Neves, depois de decisão judicial em 2005, que gerou protestos no bairro). Lá, as pessoas falam muito pouco sobre violência, e quando abrem o bico não querem dá nomes. “Agora, de oito em oito dias, eles estão fazendo isso por aqui”, comentou um morador sobre a operação da polícia.
No meio daquela tarde, segundo relatos da comunidade, ocorreu tiroteio pelo bairro. Uma fonte da polícia informou que um homem morreu na troca de tiros. No último sábado, 5, já havia ocorrido duas mortes em confrontos entre a polícia e jovens “nativos”. Carlos André de Oliveira, 19 anos, e Nivaldo Moreira de Jesus, 21, foram mortos por policiais militares das Rondas Especiais da Polícia Militar (Rondesp).
O bairro do Tancredo Neves tem sido palco de pequenas batalhas civis. A violência cresce no lugar. Motoristas de ônibus se mostram inseguros no final de linha. “Infelizmente, o que mais acontece é falta de segurança. Assaltos à mão armada são freqüentes”, conta Lino Santos, que dirige ônibus há pelo menos 11 anos. E tem sido freqüente troca de tiros entre policiais e bandidos.
A região é considerada uma das mais perigosas de Salvador. No ano que passou, foram registradas no bairro 37 mortes, dos 957 assassinatos contabilizados pela polícia em 2007. Em dezembro último, 38 presos fugiram da 11ª Delegacia de Policia, localizada no bairro. São os policiais da 11ª que também estão atrás dos foragidos que atiraram no módulo policial do Cabula VI, no último dia 4. A preocupação dos moradores que já foi de manter Beiru como nome oficial do bairro, agora não dorme tranqüila com o clima de tensão instalado no local com as constantes investidas de policiais e criminosos.
Um comentário:
Amor, já começou com um bom texto. Achei legal o estilo do blog. Desejo sucesso em mais um trabalho como em tudo que vc faz. Te Amo! Erika Becker(Bezinha).
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